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“Bets” ligadas a filhos de criminosos operam com aval do governo federal

reprodução da Ag. Brasil
reprodução da Ag. Brasil

O Ministério da Fazenda autorizou três empresas de apostas esportivas, ligadas a filhos de condenados em esquemas ilegais de jogos de azar, a operar no Brasil. As bets Rio Jogos, LottoMaster e Betagora, pertencentes ao grupo Lema Administração e Participações SA, foram incluídas entre as 196 plataformas autorizadas a funcionar até o final deste ano, conforme lista divulgada na última terça-feira (1º/10).

Os sócios do grupo Lema, João Victor de Araújo Souza, 28, e João Erick Lourenço da Silva, 25, têm histórico familiar envolvido com atividades ilícitas. João Victor é filho de Lenine Araújo de Souza, primo e ex-braço direito do conhecido bicheiro Carlinhos Cachoeira, enquanto João Erick é filho de Mauri Lourenço da Silva, preso por envolvimento em esquemas de máquinas caça-níqueis e condenado por formação de quadrilha e contrabando. A pena de Mauri foi considerada prescrita pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), ao considerar o tempo de prisão já cumprido.

A entrada dessas empresas no mercado de apostas esportivas no Brasil já havia sido antecipada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada por fontes do setor. Mesmo antes de receber o aval federal, a holding Lema já possuía licenças de operação legal para atuar no Rio de Janeiro e na Paraíba.

Outra figura de destaque no grupo é Ana Paula Batista Vitorino, 37, filha de Willian Vitorino, auxiliar de Lenine e de Cachoeira na distribuição de propina a agentes públicos, investigado pela Polícia Federal. Ana Paula, que já fez parte da administração da Lema por meio da empresa Apoio Consultoria Financeira, é filha de um dos principais integrantes do esquema desmantelado pela Operação Monte Carlo em 2012, que expôs um cartel de jogos de azar em Goiás e no Distrito Federal.

O grupo Lema, por meio de nota, declarou “compromisso com a legalidade, transparência e conformidade com as normativas vigentes”, afirmando que os gestores João Victor de Araújo Souza, João Erick Lourenço da Silva e Ana Paula Vitorino possuem “ampla expertise no setor” e agem de acordo com as regulamentações.

O Ministério da Fazenda foi procurado para comentar, mas não retornou até o momento.

Autorização de Bets no Brasil: Como funciona o processo

O Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria de Apostas Esportivas, divulgará até o final do ano uma lista definitiva das empresas e sites que poderão atuar no país a partir de 1º de janeiro de 2025. Para operar no mercado regulado, as empresas precisarão cumprir as leis 13.756/2018 e 14.790/2023, além de mais de 10 portarias específicas.

Uma vez aprovadas, as empresas deverão pagar R$ 30 milhões pela concessão e seguir rigorosas normas de combate à fraude, lavagem de dinheiro e publicidade abusiva. A partir de 2025, todas as bets autorizadas deverão utilizar o domínio bet.br. Em paralelo, outros pedidos, recebidos após 20 de agosto, seguem em análise.

*Com informações do Metropoles

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