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Voepass interrompe rota Cascavel–Guarulhos depois de acidente em Vinhedo

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A Voepass interrompeu a rota Cascavel–Guarulhos depois da queda do voo 2283, em 9 de agosto, que resultou na morte de 62 pessoas. Desde a última segunda-feira, 2, nenhum avião da companhia decola nem pousa na cidade paranaense. A empresa explicou que a redução de sua frota exigiu uma readequação na malha aérea.

Desde a data do acidente, a Voepass cessou operações em Fortaleza, Confins (MG) e Porto Seguro (BA). No dia 26, a suspensão foi ampliada para Salvador, Natal e Mossoró (RN). No dia 2, a interrupção incluiu São José do Rio Preto (SP), Cascavel (PR) e Rio Verde (GO).

De acordo com a Voepass, a medida pretende proporcionar “uma melhora significativa na experiência dos passageiros, minimizando eventuais atrasos e cancelamentos”. Os passageiros afetados pelos cancelamentos serão tratados conforme a Resolução 400/2016 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que garante o direito de requerer reembolso em até 12 meses, com atualização monetária.

Relatório preliminar sugere formação severa de gelo

Um relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) sugere que a formação severa de gelo pode ter causado uma inclinação abrupta e involuntária do avião, que caiu em Vinhedo (SP). O modelo ATR 72-500 estava se preparando para o pouso quando, ao virar ligeiramente à direita, mudou subitamente de direção e inclinou-se fortemente à esquerda.

Este comportamento pode indicar uma reversão de ailerons, um fenômeno que compromete o controle da aeronave. Os ailerons são componentes móveis nas asas do avião que permitem a sua rotação. Caso tenha ocorrido, o fenômeno teria precedido a perda de sustentação que resultou na queda.

Opinião de especialista sobre o relatório

Ouvido pela Folha de S.Paulo, James Rojas Waterhouse, professor do Departamento de Engenharia Aeronáutica da USP São Carlos, afirmou que ainda não é possível confirmar se a reversão de ailerons realmente aconteceu.

Segundo o especialista, que analisou o relatório do Cenipa, “os dados divulgados mostram acionamentos constantes de avisos de formação de gelo, de perda de velocidade e de acionamentos de sistemas pelos pilotos para que a nave superasse essa condição. Não foram divulgados, porém, os registros do piloto automático”.

A ausência dessa informação impede uma análise completa sobre o evento descrito pelo Cenipa como reversão de comando. Waterhouse apresenta dois cenários possíveis. No primeiro, o piloto automático pode ter sido desligado enquanto a aeronave fazia uma curva à direita e começava a descer. No segundo cenário, o avião já estaria em comando manual durante a mesma manobra.

Possíveis causas do acidente

Em ambos os casos, a inclinação abrupta para a esquerda poderia ter causado um “coice do manche”, tornando a aeronave incontrolável. Uma das hipóteses investigadas é que as asas tenham sido atingidas por um fenômeno conhecido como grandes gotas super-resfriadas (SLD). Essas gotas, ao tocarem a parte frontal da asa ainda em estado líquido, congelam ao escorrer para a parte superior, contribuindo para a formação severa de gelo.

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