Trump reforça política contra participação de pessoas trans no esporte feminino e ameaça cortar financiamento federal de escolas
O presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump, publicou nesta terça-feira (6) um comunicado em suas redes sociais reforçando sua política contra a inclusão de mulheres trans em equipes esportivas femininas em escolas que recebem financiamento federal. Na postagem, Trump advertiu que instituições de ensino que permitirem a participação de “homens” em times femininos ou o uso de vestiários por pessoas trans serão investigadas por violação do Título IX e poderão perder recursos do governo.
O Título IX, legislação aprovada em 1972, proíbe discriminação com base no sexo em programas educacionais financiados pelo governo federal. Nos últimos anos, a interpretação dessa lei gerou intensos debates nos EUA, especialmente em relação à inclusão de atletas transgêneros no esporte feminino. Enquanto governos democratas argumentam que a legislação protege a identidade de gênero e garante direitos às pessoas trans, a gestão Trump defende que a norma deve resguardar a integridade das competições femininas e os direitos de meninas e mulheres cisgênero.
Contexto e impacto da medida
A declaração de Trump segue uma série de ações do governo para limitar a participação de atletas trans no esporte feminino. Desde sua posse, o republicano tem revogado diretrizes estabelecidas durante a gestão Biden, que incentivavam escolas a adotar políticas mais inclusivas. O posicionamento atual da Casa Branca ecoa uma tendência nacional: pelo menos 23 estados americanos já aprovaram leis restringindo a participação de atletas trans em competições femininas, alegando que a biologia masculina confere vantagens físicas desproporcionais.
A ameaça de corte de financiamento federal pode ter impacto direto sobre milhares de escolas públicas e universidades americanas. Instituições que dependem desses recursos poderão ser obrigadas a rever suas políticas de inclusão para evitar sanções.
Reações e polêmicas
A publicação gerou reações imediatas. Setores conservadores e grupos feministas críticos à inclusão de mulheres trans no esporte feminino celebraram a decisão, alegando que ela protege a equidade nas competições. Riley Gaines, ex-nadadora universitária e uma das principais vozes contra a participação de mulheres trans no esporte, elogiou a medida e declarou que Trump está “defendendo as atletas femininas de verdade”.
Por outro lado, organizações LGBTQIA+ classificaram a decisão como um retrocesso nos direitos civis e prometeram contestá-la na Justiça. Sarah Kate Ellis, presidente da GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation), afirmou que a política “alimenta a discriminação contra pessoas trans e pode colocar estudantes em risco de marginalização e violência”.
Próximos passos
A medida deve enfrentar desafios legais, especialmente em estados governados por democratas, que têm defendido políticas inclusivas. Tribunais federais poderão ser acionados para avaliar a constitucionalidade das novas diretrizes, o que pode resultar em embates jurídicos prolongados.
Com a aproximação das eleições presidenciais de 2024, o posicionamento de Trump reforça seu apelo ao eleitorado conservador e alimenta o debate sobre direitos trans e igualdade no esporte, um dos temas mais polarizantes da política americana contemporânea.
Enquanto a disputa avança nos tribunais e no Congresso, escolas, atletas e gestores educacionais aguardam para entender o real impacto dessa diretriz e se, de fato, haverá cortes de financiamento para quem descumprir a nova norma.
