Durante o segundo dia da NT Expo 2025, na última quarta-feira (23), a diretora executiva da ANPTrilhos, Ana Patrizia Lira, participou de um painel ao lado de Sérgio Avelleda, sócio-fundador da Urucuia: Mobilidade Urbana e ex-presidente do Metrô de São Paulo e da CPTM. O bate-papo, com o tema “Mobilidade fluida: desafios e caminhos para a integração dos sistemas de transporte”, foi um dos momentos do evento que reuniu olhares estratégicos sobre o presente e o futuro da mobilidade urbana no Brasil.
Durante o painel, os especialistas discutiram as falhas no planejamento urbano das cidades brasileiras, a ausência de políticas públicas estruturadas para o setor metroferroviário de passageiros e os caminhos possíveis para alcançar um sistema de transporte mais integrado, eficiente e centrado no bem-estar da população.
Ana Patrizia reforçou a importância de uma abordagem integrada entre os diferentes modos de transporte e os planejadores urbanos. “O sistema de transporte ferroviário se insere dentro da mobilidade urbana como um componente super importante, como um componente estruturante, mas que deve ser complementarizado por meio de outros modais. E o planejamento deve ter essa visão quando se trata de sistema de transporte”, afirmou.
A executiva destacou ainda que os desafios do setor passam pela escassez de políticas públicas que priorizem os investimentos necessários. “Outra questão quando se trata de desafio, é a questão de priorização de uma política de transporte individual em detrimento do transporte coletivo”, destacou.
Já Sérgio Avelleda chamou atenção para a necessidade de repensar o papel das estações dentro das cidades. “É essencial, nos projetos de novas estações e reformas, nos aliarmos aos planejadores urbanos para que uma estação não seja apenas um equipamento de transporte, mas o gatilho para redesenhar a região, criar uma nova centralidade econômica e gerar demanda de viagens”, pontuou.
Ao discutir as políticas públicas voltadas para o setor, Avelleda foi categórico ao classificar os avanços atuais como “voos de galinha”. “O país ainda não tem uma política pública estruturada e de longo prazo para o transporte ferroviário de passageiros”, avaliou. Patrizia complementou, ressaltando que o caminho está na construção de uma política de Estado que seja sustentada por vontade política, pipeline de projetos e apoio federal.
Encerrando sua participação, Ana Patrizia defendeu a criação de uma autoridade metropolitana para consolidar uma governança mais eficiente e coordenada do transporte urbano. “Com isso a gente consegue trazer realmente um olhar único, um olhar de desenvolvimento, superimportante para o transporte metroferroviário”, concluiu.