Vídeo: Pastor Daniel de Castro afrouxa discurso e se alinha a petistas e grevistas

Foto: Renan Lisboa (estagiário)/CLDF
Foto: Renan Lisboa (estagiário)/CLDF

Em discurso proferido em 17 de junho de 2025, no plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o deputado distrital Pastor Daniel de Castro (PP) – figura integrante da base do governo Ibaneis Rocha – anunciou, de forma surpreendente, seu “apoio incondicional” aos professores que estão em greve desde 2 de junho. A manifestação, que se estende por 16 dias e mantém 102 escolas totalmente paralisadas, não se insere em uma questão de justiça, mas de coerência política em ano pré-eleitoral .

A greve dos educadores do DF, deflagrada em 2 de junho, reivindica reajuste salarial de 19,8%, reestruturação da carreira e nomeação de concursados, dentre outras pautas; o movimento foi considerado ilegal pelo TJDFT, que aplicou multas diárias ao Sinpro-DF e autorizou o corte de ponto dos grevistas . Apesar das pressões judiciais e da declaração pública do governador de que não haverá reajuste para nenhuma categoria em 2025, a categoria manteve o movimento e já programou nova assembleia para 24 de junho.

No vídeo divulgado, o deputado – que à primeira vista mantém a retórica de defesa do governo – AFROUXA seu discurso quando evoca sua condição de professor e pastor, afirmando ter “pressão enorme dos professores das nossas igrejas” para endossar a paralisação. Ao reconhecer autonomia da mesa diretora e a atuação de parlamentares de oposição como Chico Vigilante (PT) e Gabriel Magno (PT), ele cedeu ao “espírito de corpo” da categoria, colocando sua incoerência política acima do compromisso com pais e crianças que serão os maiores prejudicados

Mais do que um gesto de solidariedade, a adesão de Daniel de Castro aos grevistas soa como manobra eleitoreira. Em ano pré-eleitoral, em que a relação com o governo define palanques e alianças, o parlamentar opta por demonstrar proximidade com uma base social mobilizada — não por convicção de justiça, mas para ampliar sua visibilidade entre a classe docente.

A oscilação de Daniel de Castro torna-se mais grave quando se recorda seu histórico de defesa intransigente das diretrizes do Executivo local. Em outras ocasiões, ele se declarou “100% da base do governo” e criticou duramente o que chamou de “falta de diálogo” da oposição . Agora, converte-se em porta-voz de um movimento que o próprio governo classificou como ilegal e prejudicial à comunidade escolar.

A fala do deputado Pastor Daniel de Castro expõe, em linhas tortuosas, os contornos da política distrital: alianças que se formam e se desfazem conforme a conveniência eleitoral, discursos que oscilaram entre a defesa do governo e a adesão a um movimento Judicializado. Mais do que apoio à categoria, sua posição evidencia uma postura de conveniência que relativiza a justiça em nome da coerência política.


Hamilton Silva
Jornalista e editor-chefe do DFMobilidade

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