Mensagens divulgadas nesta segunda-feira (1º.set.2025) pela Revista Oeste indicam que auxiliares do ministro Alexandre de Moraes articularam, em 1º de novembro de 2022, a identificação e a derrubada de grupos no Telegram que mobilizavam caminhoneiros contra o resultado da eleição presidencial. Em um dos trechos, a ordem teria sido cumprida “em menos de 10 minutos”.
Contexto oficial — Naquele mesmo dia, o STF referendou por unanimidade determinação de Moraes para desobstrução imediata de rodovias, com apoio da PRF e das Polícias Militares. As decisões previam multa de R$ 100 mil por hora e, em caso de descumprimento, afastamento e prisão em flagrante.
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Telegram sob pressão — Paralelamente, ao menos 27 grupos no Telegram favoráveis a bloqueios e intervenção foram derrubados em 1º.nov.2022, em meio a ordens judiciais e mudança de postura da plataforma no Brasil após embates com o Judiciário. O relato da Oeste sobre a “derrubada em 10 minutos” converge com a cronologia reportada à época.
O que há nos diálogos — Segundo a Oeste, conversas entre o juiz auxiliar Airton Vieira e Eduardo Tagliaferro (então chefe da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação do TSE) tratam de pedido de “relatório simples” para “eventual bloqueio” e de uma checagem, minutos depois, confirmando que os grupos foram “cumpridos” (derrubados). A reportagem classifica o núcleo como parte da série “Vaza Toga”.
O que diz a defesa de Moraes — Desde 2024, quando a “Vaza Toga” veio a público, Moraes afirma que os procedimentos adotados foram oficiais e regulares. A Presidência do STF também tratou críticas ao ministro como “tempestades fictícias”, em manifestação daquele período.
O ex-assessor Eduardo Tagliaferro foi denunciado pela PGR em 22.ago.2025 por violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Na sequência, o ministro Alexandre de Moraes solicitou ao Ministério da Justiça a extradição de Tagliaferro, hoje na Itália; o Itamaraty confirmou o envio do pedido ao governo italiano.
As novas mensagens, se validadas, acrescentam detalhes operacionais à atuação do Judiciário no enfrentamento de bloqueios antidemocráticos no pós-eleição de 2022 — já amparada por decisões formais do STF/TSE — e reabrem o debate sobre limites, transparência e controle externo de estruturas auxiliares usadas no combate à desinformação.
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