Uso de jatinhos da FAB dispara: governo e STF somam 793 decolagens em 2025 até 3 de setembro

Divulgação FAB
Divulgação FAB

Em ano de contenção e frota reduzida, o governo federal e o Supremo Tribunal Federal (STF) acumularam 793 voos em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) entre 1º de janeiro e 3 de setembro de 2025, segundo atualização mais recente da própria FAB, compilada pelo Diário do Poder. No topo do ranking aparecem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (87 voos), o presidente da Câmara, Hugo Motta (85), e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso (82).

O número chama atenção porque a FAB opera sob restrições neste ano. Reportagens publicadas em junho informaram que apenas 3 dos 10 jatos do Grupo de Transporte Especial (GTE) estavam voando, por falta de verba para manutenção—ou seja, menos aviões para mais pedidos oficiais.

A participação do STF é controversa. Pelas regras do Decreto nº 10.267/2020, podem requisitar aeronaves o vice-presidente da República, os presidentes do Senado, da Câmara e do STF, além de ministros de Estado e comandantes das Forças Armadas. Demais autoridades só com autorização do Ministério da Defesa. Na prática, porém, ministros da Corte (além do presidente) passaram a voar com frequência desde 2023, sob justificativa de segurança.

Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação e reportados pela imprensa mostram ao menos 154 voos da FAB com ministros do STF entre janeiro de 2023 e fevereiro de 2025—em sua maioria na ponte aérea Brasília–São Paulo, muitas vezes com apenas um passageiro. Parte das informações e listas de passageiros foi colocada sob sigilo, medida que gerou críticas de entidades e parlamentares.

O quadro revela um descompasso entre a promessa de transparência e a realidade do uso do aparato estatal. A legislação prevê prioridade por emergência médica ou segurança e determina motivação registrada para cada voo. Quando quase tudo vira “segurança”, a exceção vira regra—e a conta, como sempre, vai para o contribuinte.

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