O governo federal lançou, nesta quarta-feira (27/08), a TV 3.0 — novo padrão da televisão aberta que integra sinal broadcast com internet, promete imagem em 4K/8K, som imersivo e interface por aplicativos. Apesar do discurso de “modernização”, a mudança exigirá conversores (set-top boxes) para os televisores vendidos hoje, enquanto os modelos futuros virão compatíveis de fábrica. As primeiras transmissões estão previstas para o 1º semestre de 2026, começando pelas capitais, e a migração completa deve se arrastar por 10 a 15 anos.
O que muda — O decreto adota o sistema ATSC 3.0, com ganhos de qualidade e interatividade. A “grade” deixa de ser lista numérica e passa a ser um catálogo de aplicativos das emissoras. Não é preciso internet para assistir ao conteúdo ao vivo; a conexão será necessária apenas para recursos interativos.
Conversor ou TV nova — Para quem já tem TV digital convencional, o acesso ao novo padrão se dará por meio de conversores DTV+ quando chegarem ao mercado; quem comprar aparelhos novos compatíveis não precisará do adaptador. Protótipos de antena e conversor já foram apresentados neste ano, e a indústria se movimenta para ofertar equipamentos a partir de 2026.
Pontos sensíveis — Anatel ainda terá de definir canalização, requisitos técnicos e certificação de produtos, com consulta pública e análise regulatória. Ou seja, parte central do cronograma depende de regulamentação futura.
— O catálogo da nova TV reserva posições para aplicativos das emissoras públicas (TV Brasil, TV Câmara, TV Senado e TV Justiça). A prioridade oficial reacende debate sobre neutralidade da “primeira tela” e concorrência com emissoras privadas e serviços comerciais.
— O governo fala em inclusão digital, mas não detalhou política ampla de subsídios para conversores. Há estudos e até menção a linha de crédito para a cadeia produtiva; falta transparência sobre quem arcará com o custo ao consumidor final e quais as salvaguardas para famílias de baixa renda.
Preparação termina em 2025; primeiras transmissões até a Copa de 2026; expansão nacional escalonada ao longo de 10 a 15 anos. Até lá, os sistemas atual e novo convivem.
O lançamento retoma a agenda de TV digital inaugurada no país em 2006, mas com uma virada tecnológica que não é retrocompatível. Na prática, o Planalto vende um salto de qualidade sem responder integralmente pelo custo de adaptação que chegará à ponta — o telespectador.
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