Título: Chefe de gabinete de Hugo Motta recebeu “poder ilimitado” para movimentar salários de servidores, aponta investigação
A chefe de gabinete do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), Ivanadja Velloso Meira Lima, recebeu de pelo menos dez funcionários e ex-funcionários procurações com poderes “amplos e ilimitados” para sacar salários e movimentar valores em contas bancárias desses servidores. Oito desses documentos autorizam expressamente o “recebimento de salários”; dois signatários ainda trabalham no gabinete. Somados, os vínculos desses dez assessores superam R$ 4 milhões em remunerações pagas pela Câmara. As procurações foram registradas em cartórios da Paraíba desde 2011, quando Motta iniciou o primeiro mandato.
A reportagem que revelou o caso lembra que Ivanadja é ré em ação de improbidade movida pelo Ministério Público Federal por suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do deputado Wilson Santiago (Republicanos-PB). No processo, o MPF diz que ela operou a conta de um ex-funcionário “fantasma” e usou uma procuração semelhante para realizar saques — acusação que a defesa nega, afirmando não haver prova de enriquecimento ilícito.
Na apuração, aparecem indícios de desvio de função e de servidores que teriam atuado fora de Brasília. Um dos casos citados é o de um motorista que também trabalha como caseiro na fazenda do parlamentar na Paraíba e que assinou duas procurações em favor da chefe de gabinete; outra assessora autorizou, em 2012, que Ivanadja abrisse contas e “movimentasse valores em quaisquer agências no território nacional”.
Procurados pela equipe que revelou o caso, Hugo Motta e Ivanadja Velloso não se manifestaram até a publicação. A coluna também contatou os dez servidores; duas mulheres desligaram o telefone ao serem questionadas se ficavam com todo o salário. O espaço segue aberto para manifestações.
Contexto e próximos passos
— O episódio se soma a outras revelações recentes sobre a folha do gabinete de Hugo Motta, incluindo a contratação de funcionária apontada como “fantasma” e de parentes dela, e reforça o debate sobre transparência e controle de frequência nos cargos comissionados da Câmara. A frequência dos secretários parlamentares é atestada mensalmente pelo parlamentar ou por servidor designado, regra que vale para lotações no DF e nos estados.
Engajamento
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