Na noite de 6 de agosto de 2025, a obstrução promovida por parlamentares bolsonaristas impediu por horas a abertura da sessão extraordinária da Câmara dos Deputados, em protesto pela falta de pauta para o projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023 e pela demanda de medidas que limitem o foro privilegiado de parlamentares. Diante do impasse, líderes do Centrão e da oposição recorreram ao ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para mediar a crise, resultando em um acordo que reforça o seu prestígio como articulador político na Casa .
A articulação de Lira
Segundo apurou este portal junto a fontes no gabinete de Lira, a negociação foi conduzida em encontros a portas fechadas no seu gabinete, onde deputados do PP, União Brasil e demais legendas do Centrão ofereceram aos grevistas a garantia de apoio à tramitação célere do Projeto de Lei 2858/22, que concede anistia aos participantes das manifestações de 8 de janeiro, e de uma proposta de Emenda Constitucional que visa restringir o foro por prerrogativa de função para crimes comuns, mantendo-o apenas em casos específicos, como para chefes de Poderes e presidentes das Casas legislativas . Em contrapartida, comprometeram-se a encerrar a ocupação da Mesa Diretora e permitir a retomada do trabalho do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
A reabertura do plenário
Por volta das 22h15, Hugo Motta finalmente conseguiu acesso à Mesa Diretora, depois de transitar entre os deputados bloqueadores. Ao abrir a sessão, o presidente da Casa fez um breve pronunciamento:
“Vivemos uma série de acontecimentos recentes que geraram um sentimento de ebulição nesta Casa. É comum? Não. Estamos em tempos normais? Também não. Mas é justamente nesses momentos que não podemos negociar nossa democracia e o que esta Casa representa: a capacidade de dialogar, de enfrentar os debates necessários e de permitir que a maioria se estabeleça.”
Embora nenhuma votação tenha sido realizada na ocasião, a contenção do protesto foi suficiente para assegurar o funcionamento regular do Plenário.
Repercussões políticas
Para líderes de centro e governo, Lira saiu da crise não apenas como “bombeiro” institucional, mas como uma figura de referência a quem se recorre para desarmar conflitos e viabilizar pautas estratégicas. Com histórico de articulação — foi presidente da Câmara entre 2021 e 2023 e ocupa atualmente o terceiro mandato como deputado federal, tendo início de carreira em 1993 como vereador em Maceió e formação em Direito pela Universidade Federal de Alagoas —, Lira consolida sua posição no comando informal das negociações no Congresso, potencializando seu capital político para as próximas disputas internas, inclusive em relação à disputa pela Mesa Diretora para o biênio 2025-2027.
Contexto legislativo
- Anistia ao 8 de Janeiro (PL 2858/22): projeto de lei de autoria do Deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), que concede anistia a participantes de manifestações realizadas desde outubro de 2022 até a sanção da lei, incluindo atos praticados em Brasília em 8 de janeiro de 2023 .
- Limitação do foro privilegiado: Proposta de Emenda Constitucional 333/17, que extingue o foro especial por prerrogativa de função para crimes comuns, mantendo-o apenas para autoridades como o presidente da República, presidentes do STF, da Câmara e do Senado .
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