Durante o lançamento do programa Gás do Povo, nesta quinta-feira (4 de setembro de 2025), no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva interrompeu o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e cobrou que ele explicasse “devagar” e de forma compreensível como funcionará o benefício. “Eu tenho certeza de que, se eu perguntar, ninguém entendeu”, disse Lula, pedindo ao auxiliar que aproximasse o microfone e fosse didático.
O episódio ocorreu no mesmo ato em que o governo anunciou as linhas gerais do Gás do Povo — política que substitui o Auxílio Gás e promete alcançar 15,5 milhões de famílias (cerca de 50 milhões de pessoas), com distribuição prevista de aproximadamente 65 milhões de botijões por ano. Segundo o Planalto, a medida já foi formalizada por meio de Medida Provisória; a LOA de 2025 reserva R$ 3,57 bilhões e a projeção para 2026 é de R$ 5,1 bilhões.
A cobrança pública do presidente expôs um ruído de comunicação dentro do próprio governo no lançamento de um programa de grande impacto fiscal e logístico. Em vídeos do evento, Lula afirma que a explicação “não ficou clara” e orienta o ministro a detalhar o passo a passo para o acesso ao botijão — reforço de didatismo que, na prática, reconhece a dificuldade do Planalto em traduzir as regras ao público presente.
De acordo com reportagens no local, a cerimônia teve mobilização política, mas registrou público abaixo do esperado, o que adiciona contexto à preocupação presidencial com a mensagem e sua recepção.
O que o governo diz que será o Gás do Povo
• Alcance: 15,5 milhões de famílias do CadÚnico (prioridade para beneficiários do Bolsa Família), estimando cerca de 50 milhões de pessoas.
• Entrega: fornecimento direto do botijão (não transferência em dinheiro), com retirada em pontos credenciados e canais como app do MDS, cartão próprio, vale impresso em Caixa e lotéricas ou cartão do Bolsa Família.
• Meta anual: ~65 milhões de botijões; custeio 100% com recursos públicos (R$ 3,57 bi em 2025; R$ 5,1 bi em 2026).
Perguntas que ficam (e que o ministro precisará responder “devagar”):
• Cronograma de credenciamento nacional dos pontos de retirada e a capacidade de atendimento por região.
• Regras para famílias unipessoais e eventuais exceções operacionais.
• Critérios de precificação regional definida por MME e Fazenda, com base em dados da ANP, e mecanismos de transparência.
A bronca presidencial foi amplamente registrada por veículos de imprensa e nas transmissões oficiais do evento. Além da fala de Lula, há trechos em que ele pede que o ministro “fale pausadamente” para que “todo mundo entenda”.
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