Minas Novas (MG), 24 de julho de 2025 – Em solenidade do I Encontro Regional de Educação Escolar Quilombola do Sudeste, no Vale do Jequitinhonha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou livremente referências ao jogo de cartas truco para ironizar o anúncio de Donald Trump de impor tarifas de 50 % sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. “Ele não quer conversa. Se quisesse, pegava o telefone e me ligava. Eu não sou mineiro, mas sou bom de truco. Se ele estiver trucando, vai tomar um seis”, afirmou Lula, em tom desafiador e elogioso à própria habilidade no jogo popular mineiro .
Em 9 de julho de 2025, o presidente dos Estados Unidos formalizou a medida em carta divulgada nas redes sociais, vinculando o aumento de tarifas ao que chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e responsabilidades do Brasil em supostos ataques à liberdade de expressão americana. A decisão, válida para todas as importações brasileiras, provocou de imediato reações de Brasília, com convocação de reunião de emergência pelo Palácio do Planalto e anúncio de retaliação recíproca .
Analistas sinalizam impactos severos em cadeias produtivas brasileiras. Estudos setoriais apontam que o agronegócio, em especial os produtores de frutas cítricas, já enfrenta colapso de preços no mercado interno e ameaça de abandono de culturas, enquanto pequenos cafeicultores manifestam apreensão quanto à competitividade de seu produto no mercado americano, que responde por 16 % das importações de café brasileiras .
Apesar do tom duro, o presidente reiterou disposição para o diálogo: “Se quiserem negociar, nós queremos negociar. Mas ninguém vai dizer o que a gente tem que fazer”, disse, reforçando que a soberania nacional não admite blefes externos e que o Brasil está aberto ao respeito mútuo nas tratativas comerciais .
O contexto econômico aponta crescimento histórico das exportações brasileiras aos EUA: em 2024, atingiram US$ 40,3 bilhões, a maior cifra já registrada, e, no primeiro semestre de 2025, somaram US$ 20,0 bilhões, aumento de 4,4 % na comparação anual, conforme dados oficiais de entidades comerciais .
Brasília formalizou, em meados de julho, recurso junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) e regulamentou a Lei de Reciprocidade Comercial (Lei nº 15.122/2025), autorizando tarifas compensatórias sobre produtos americanos, medida vista como resposta necessária à “chantagem inaceitável” declarada pelo Executivo brasileiro .
As novas tarifas americanas entrarão em vigor em 1º de agosto de 2025, mas ainda há esperanças de acordo bilateral que impeça sua implementação, preservando cadeias produtivas sensíveis como café, sucos e componentes industriais. Até lá, cresce a mobilização de setores privados e governamentais para viabilizar alternativas de mercado e soluções diplomáticas .
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