Lula se aproxima de Kassio Nunes e deve nomear Carlos Brandão para o STJ após o Carnaval
A dança das cadeiras no Judiciário segue a todo vapor, e o próximo movimento já está desenhado: o desembargador federal Carlos Brandão, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), deve ser o escolhido de Lula para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O anúncio deve acontecer logo após o Carnaval.
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A decisão de Lula não é aleatória. Brandão liderou a lista tríplice votada em outubro e conta com apoio de pesos pesados, como o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, e o governador do Piauí, Rafael Fonteles. Mas, no final das contas, o que realmente pesa na balança é a vontade do presidente de estreitar laços com Kassio Nunes Marques, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e nome forte no centrão.
Kassio tem se consolidado como um dos elos entre o STF e a ala mais pragmática do Congresso. Lula, sabendo da importância dessa ponte, vê em Brandão uma forma de fortalecer essa relação. Além disso, a nomeação agrada o próprio centrão, já que o STJ julga ações envolvendo governadores e outros políticos influentes.
Por outro lado, a decisão de Lula também tem um viés de descarte. A desembargadora Daniele Maranhão, que chegou a ser uma forte concorrente ao cargo, perdeu força justamente por sua proximidade com a família Bolsonaro. Dentro do PT, houve forte resistência ao seu nome, especialmente após a revelação de reuniões com Michelle Bolsonaro. O partido fez questão de lembrar Lula desse detalhe – e o presidente acatou a recomendação.
Antes da ofensiva petista, Daniele Maranhão era bem cotada, principalmente por sua decisão de soltar todos os investigados da operação Overclean, que investiga um suposto esquema bilionário de desvios via emendas parlamentares e contratos fraudulentos. O principal nome dessa investigação é Marcos de Moura, figura-chave do União Brasil e aliado de ACM Neto. Sua prisão mexeu com os bastidores da política em Brasília, e sua soltura colocou Daniele Maranhão nos holofotes – pelo menos até a fritura petista.
Agora, com o caminho livre, Carlos Brandão deve subir ao STJ com a benção de Lula, Kassio e do centrão. E assim segue o jogo político no Judiciário, onde as decisões têm menos a ver com currículo e mais com interesses estratégicos.
