Alexandre Bompard, CEO do Carrefour, escreveu uma carta de retratação em relação às críticas feitas à carne brasileira. O texto foi entregue pelo embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e a assessores de Lula (PT).
A iniciativa ocorre após um anúncio de que a marca francesa deixaria de comprar proteínas animais do Mercosul. No último dia 20, o CEO afirmou que a varejista se comprometeria a não vender carnes do Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, independentemente dos “preços e quantidades de carne” que esses países pudessem oferecer.
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Na nova carta, Bompard pede desculpas se “a comunicação do Carrefour França” causou “confusão” e foi “interpretada como questionamento” da parceria da marca “com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela”. No entanto, ele não disse se o Carrefour voltará atrás da decisão que havia sido divulgada na semana passada.
Segundo Alexandre, o Carrefour é o primeiro parceiro da agricultura francesa e a rede compra “quase toda a carne” que necessita de produtores do país – o que seguirá fazendo. As informações são do Neofeed e do Poder360.
Leia a íntegra da carta:
Ao Excelentíssimo Ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil,
Senhor Carlos Fávaro,
A declaração de apoio do Carrefour França aos produtores agrícolas franceses causou discordâncias no Brasil. Como diretor-presidente do Grupo Carrefour e amigo de longa data do país, venho, respeitosamente, esclarecê-la.
O Carrefour é um grupo descentralizado e enraizado em cada país onde está presente, francês na França e brasileiro no Brasil.
Na França, o Carrefour é o 1º parceiro da agricultura francesa: compramos quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades na França, e assim seguiremos fazendo. A decisão do Carrefour França não teve como objetivo mudar as regras de um mercado amplamente estruturado em suas cadeias de abastecimento locais, que segue as preferências regionais de nossos clientes. Com essa decisão, quisemos assegurar aos agricultores franceses, que atravessam uma grave crise, a perenidade do nosso apoio e das nossas compras locais.
Do outro lado do Atlântico, no Brasil, compramos dos produtores brasileiros quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades, e seguiremos fazendo assim. São os mesmos valores de criar raízes e parceria que inspiram há 50 anos nossa relação com o setor agropecuário brasileiro, cujo profissionalismo, cuidado à terra e produtores conhecemos.
O Grupo Carrefour Brasil é profundamente brasileiro, com mais de 130 mil colaboradores, se desenvolveu e continua se desenvolvendo sob minha presidência em parceria com produtores e fornecedores do Brasil, valorizando o trabalho do setor produtivo e sempre em benefício de nossos clientes. Nos últimos anos, o Grupo Carrefour Brasil acelerou seu desenvolvimento, dobrando tanto o volume de seus investimentos no país quanto suas compras da agricultura brasileira. Mais amplamente, o Brasil é o país em que o Carrefour mais investiu sob minha presidência, o que confirma nossa ambição e nosso comprometimento com o país. Assim seguiremos prestigiando a produção e os atores locais e fomentando a economia do Brasil.
Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito as normas e sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpas.
O Carrefour está empenhado em trabalhar, na França e no Brasil, em prol de uma agricultura próspera, seguindo nosso propósito pela transição alimentar para todos. Asseguro, senhor ministro, nosso compromisso de longo prazo ao lado da agricultura e dos produtores brasileiros.
Aproveito a oportunidade para renovar os protestos de estima e consideração.
Atenciosamente,
Alexandre Bompard
Diretor-presidente do Grupo Carrefour.