Correios triplicam o rombo: R$ 4,37 bilhões no 1º semestre expõem gestão cara e aposta em crédito do Brics

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Os Correios fecharam o 1º semestre de 2025 com prejuízo de R$ 4,37 bilhões — mais do que o triplo do resultado negativo do mesmo período de 2024. A receita encolheu e as despesas dispararam, empurrando a estatal para um quadro de fragilidade que já não se explica apenas por “sazonalidade” ou “efeitos extraordinários”. É gestão, prioridade e governança — e todas falharam ao mesmo tempo.

Os números são eloquentes: a receita líquida caiu de R$ 9,28 bilhões (1S24) para R$ 8,18 bilhões (1S25), enquanto as despesas gerais e administrativas saltaram para cerca de R$ 3,4 bilhões. Além disso, as despesas financeiras explodiram para R$ 673 milhões no semestre. Quando a receita recua e o custo fixo sobe nessa velocidade, o desfecho não surpreende — ele só escancara a falta de controle.

Há fatores setoriais? Sim. O segmento de remessas internacionais desabou com mudanças regulatórias (caso do programa Remessa Conforme), derrubando 63,6% da receita da área no 2º trimestre. Mas regulatório não é desculpa para perder o manche interno: empresas eficientes ajustam rota; empresas politizadas pedem crédito.

A resposta da administração tem sido paliativa: venda de imóveis, PDV reaberto/estendido e promessa de um marketplace operado com a Infracommerce. Tapa o sol com a peneira. PDV ajuda fluxo, mas corrói capacidade; vender ativo é finito; marketplace requer competência digital e execução logística — justamente onde a estatal patina.

No front do caixa, a saída escolhida é um financiamento de R$ 4 bilhões no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), autorizado pela Cofiex, com prazo de 240 meses e carência de 60. É dinheiro longo, condições confortáveis e um risco clássico: trocar transformação por endividamento barato. Sem metas duras de produtividade, governança blindada e revisão de custos, crédito vira analgesia, não cura.

A crise é, também, de comando. O presidente da estatal, Fabiano Silva dos Santos, entregou carta de renúncia em julho; de lá para cá, a sucessão virou um jogo de empurra na base governista — e a empresa segue “demissionária” por inércia política. Enquanto o Planalto decide quem fica com a cadeira, a fatura cresce.

Por que isso importa ao cidadão? Porque os Correios carregam o serviço postal universal, e déficits crônicos terminam em três vias: piora de serviço, aumento de tarifas ou subsídio do contribuinte. O diagnóstico está dado: queda de receita, inflação de custos, desgoverno e dependência de crédito. O remédio é conhecido — e politicamente custoso: metas de eficiência auditáveis, reestruturação de processos e pessoal baseada em dados (não em lotes partidários), freio às despesas administrativas e transparência integral sobre as condições e contrapartidas do empréstimo do NDB. Sem isso, o “plano” não passa de um fiador elegante para mais um semestre vermelho.

O que está comprovado • Prejuízo líquido no 1S25: R$ 4,37 bi; receita caiu a R$ 8,18 bi.
• Despesas gerais/administrativas: cerca de R$ 3,4 bi no semestre.
• Despesa financeira: salto para R$ 673 mi.
• Queda brusca em remessas internacionais após mudanças regulatórias.
• Medidas adotadas: PDV e marketplace com a Infracommerce.
• Empréstimo pleiteado ao NDB: R$ 4 bi, 240 meses, 60 de carência, via Cofiex.

Chamada à ação
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