Em ofício à Câmara, estatal fala em “severa restrição de investimento” entre 2019 e 2022; prejuízo de R$ 4,37 bilhões no 1º semestre de 2025 pressiona o Planalto.
Os Correios atribuíram a “decisões pretéritas” do período 2019–2022 a perda de competitividade que ajudou a levar a estatal à crise atual. Em resposta a um Requerimento de Informação da Câmara, a empresa escreveu que houve “período de restrição de investimentos estruturantes”, agravado pela inclusão da ECT no Programa Nacional de Desestatização, o que gerou “incertezas” e travou parcerias. A manifestação está assinada pelo assessor especial da Presidência, Geverson Nery de Albuquerque, em 4 de agosto de 2025.
O diagnóstico veio a público em meio ao balanço do 1º semestre de 2025, quando a estatal registrou prejuízo de cerca de R$ 4,37 bilhões — valor que já supera todo o resultado negativo de 2024 e precipitou a saída do então presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos.
O que diz o documento • “Entre os anos de 2019 e 2022, os Correios enfrentaram um período de restrição de investimentos estruturantes”, o que “comprometeu a capacidade da empresa” diante do avanço tecnológico e da concorrência. • A inclusão no PND “gerou insegurança interna e externa, impactando a confiança de clientes e inviabilizando parcerias estratégicas”.
Números-chave • 2024: prejuízo de R$ 2,6 bilhões. • 1º semestre de 2025: rombo de ~R$ 4,4 bilhões. • TCU alertou para “risco de insustentabilidade a longo prazo” da estatal.
Contrapontos e contexto recente • O Ministério da Fazenda atribuiu parte do problema a obrigações de universalização e custos de operação em áreas remotas, argumento contestado por oposicionistas.
• A própria gestão cita efeitos do novo marco de taxação de importados (“taxa da blusinha”) sobre o fluxo de encomendas internacionais.
• Relembre: 2022 terminou com prejuízo (e não “lucro recorde”), segundo checagem da Reuters — o lucro elevado foi em 2021.
Leitura rápida • Correios culpam falta de investimento (2019–2022) e clima de privatização por perda de fôlego. • O maior rombo, porém, ocorreu em 2024–2025, já no atual governo. • Pressão por reestruturação aumenta; presidente da estatal caiu.