O Ministério da Saúde exonerou Antônio Cícero Santana da Silva Apurinã, coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Médio Rio Purus, por suspeita de assédio sexual. Apurinã é acusado de propor sexo a servidoras; aquelas que resistiam eram transferidas para áreas remotas ou perdiam o emprego. A demissão do coordenador foi oficializada em 11 de setembro, depois de denúncias de subordinados.
Apurinã havia assumido o cargo em fevereiro do ano passado. O distrito onde ele trabalhava fica localizado em Lábrea, no Estado do Amazonas. O local atende 12.357 indígenas em 128 aldeias. As informações são da Folha de S.Paulo.
As acusações contra Apurinã incluem pelo menos quatro casos de assédio sexual e moral. As denúncias seguiram para o Ministério Público Federal (MPF) e à Polícia Federal (PF) em Rondônia e Amazonas.
De acordo com a Folha, a PF de Rondônia iniciou uma investigação e já colheu depoimentos. A Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Lábrea também se mobilizou para apurar os fatos.
Apurinã não respondeu a tentativas de contato do jornal. O Ministério da Saúde afirmou, em nota, que o Dsei vai cooperar com as investigações.
Investigações sobre assédio sexual e relatos das vítimas
Vítimas relataram abusos à Folha sob anonimato, por medo de represálias. Uma das mulheres contou que, durante viagens de trabalho, seu chefe a escalava frequentemente para missões de até 20 dias em um barco.
Segundo o veículo, Apurinã tinha uma área privativa e a chamava para conversas com elogios excessivos, toques invasivos e promessas de promoção. Sem sucesso, ele dizia a indígenas que ainda teria relações sexuais com ela.
A Polícia Civil do Amazonas informou que todos os procedimentos já estão em posse da Polícia Federal. A PF em Rondônia afirmou que não comenta investigações em andamento. O MPF e a polícia do Amazonas foram procurados, mas não se manifestaram.
Caso Silvio Almeida foi o 1º no governo Lula
O caso de Apurinã é mais um episódio de assédio sexual em órgãos do governo Luiz Inácio Lula da Silva. No mês passado, Silvio Almeida foi demitido do Ministério dos Direitos Humanos depois de denúncias semelhantes.