Em uma declaração que já provoca reações no cenário político e internacional, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que, se for eleito novamente, permitirá a instalação de uma base militar dos Estados Unidos na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Além disso, Bolsonaro declarou que retirará o Brasil do BRICS, bloco econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O anúncio foi feito durante um evento com apoiadores, no qual o ex-presidente destacou a necessidade de uma “aliança estratégica mais forte com os Estados Unidos” e criticou o que chamou de “alianças ideológicas” mantidas por governos anteriores. “O Brasil precisa estar ao lado das grandes democracias do mundo, e não atrelado a países que não compartilham dos nossos valores”, disse Bolsonaro.
A tríplice fronteira é uma região de alta sensibilidade geopolítica, conhecida por seu intenso fluxo comercial e, também, por preocupações relacionadas ao crime organizado e ao terrorismo internacional. A presença militar americana na área seria inédita e representaria uma mudança drástica na política externa brasileira, historicamente pautada pela defesa da soberania nacional e da não intervenção estrangeira.
No campo econômico, a proposta de retirada do Brasil do BRICS sinaliza uma ruptura com uma das principais estratégias de inserção do país em mercados emergentes. O bloco, criado em 2009, tem sido fundamental para o fortalecimento de laços comerciais e investimentos bilionários em infraestrutura e energia, especialmente com a China, o principal parceiro comercial do Brasil.
Especialistas avaliam que as declarações de Bolsonaro podem ter impactos significativos tanto na política externa quanto na economia brasileira. “Uma base militar dos EUA em território brasileiro mudaria o equilíbrio geopolítico da América do Sul e poderia gerar tensões com países vizinhos”, analisa o professor de Relações Internacionais da UnB, Ricardo Almeida. Já em relação ao BRICS, ele alerta para o risco de isolamento econômico: “Sair do bloco pode prejudicar acordos comerciais e afastar investimentos estratégicos.”
O atual governo ainda não se pronunciou oficialmente sobre as declarações do ex-presidente, mas fontes do Itamaraty classificam a proposta como “imprudente” e “contrária aos interesses de longo prazo do Brasil”.
A fala de Bolsonaro, mais uma vez, reforça o tom polarizador de sua atuação política, apostando em pautas que dividem opiniões e reacendem debates sobre o papel do Brasil no cenário internacional.
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