O ex-presidente Jair Bolsonaro declarou, em coletiva no Senado Federal nesta quinta-feira, 17 de julho de 2025, que está disposto a negociar diretamente com o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as tarifas de 50% impostas sobre produtos brasileiros — desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorize a devolução de seu passaporte, atualmente retido pela Polícia Federal .
A medida de Trump foi anunciada em carta oficial enviada em 9 de julho de 2025, na qual o norte-americano atribuiu o aumento da alíquota ao que chamou de “perseguição judicial” contra Bolsonaro no Brasil. A sobretaxa gerou forte reação de empresários do agronegócio e debate acalorado entre diplomatas, ao elevar o custo de exportações brasileiras para os EUA sem precedentes na história recente .
Bolsonaro qualificou a possibilidade de conversar diretamente com Trump como um “atalho diplomático”, mas condicionou qualquer entendimento à restituição do seu passaporte. “Se o Lula sinalizar para mim, eu negocio com o Trump. Quem não vai conversar vai pagar um preço alto”, afirmou, ressaltando que, sem o documento, “não há como buscar uma audiência em Washington” .
Especialistas em direito político e analistas de relações internacionais apontam que, além de depender da liberação do passaporte, qualquer negociação desse porte exigiria aval do Congresso Nacional, uma vez que concessões sobre anistia ou perdão judicial são prerrogativa do Parlamento brasileiro. Ademais, diplomatas avaliam que o governo dos EUA levará em conta o quadro legal de investigações contra o ex-presidente antes de retomar tratativas diretas .
O episódio agrava o clima de tensão entre Brasília e Washington, em um momento em que o Brasil se prepara para participar, em setembro de 2025, de novas rodadas de discussão na Organização Mundial do Comércio (OMC). A disputa ilustra como questões judiciais internas podem interferir diretamente na agenda comercial externa, com reflexos sobre cadeias produtivas e políticas de soberania nacional .
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Hamilton Silva
Formado em Economia pela Universidade Católica de Brasília, pós-graduado em gestão financeira, jornalista desde 1998, editor-chefe do Portal DFMobilidade e secretário-geral da Associação Brasileira dos Portais de Notícias (ABBP).