A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) elevou para 6,3% a projeção de reajuste médio das tarifas de energia em 2025, divulgada no boletim InfoTarifa desta segunda-feira (11). O índice supera a inflação estimada para o ano e indica impacto direto para consumidores residenciais e empresariais.
Segundo a Aneel, a revisão decorre, principalmente, do aumento do orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que financia políticas públicas do setor elétrico. O montante aprovado ficou R$ 8,6 bilhões acima do previsto inicialmente, pressionando a conta final paga pelo usuário.
A projeção anterior da agência era de 3,5%. Além do salto no custo da CDE, a maior parte desses recursos é coberta pela própria tarifa, o que transfere o ônus ao consumidor. Em julho, a diretoria da Aneel aprovou orçamento recorde de R$ 49,2 bilhões para a CDE em 2025, dos quais a parcela predominante é repassada via encargo nas tarifas.
O boletim também compara a estimativa com indicadores de preços: o efeito médio anual de 6,3% fica acima do IPCA projetado de 5,1%, reforçando a pressão da energia sobre o custo de vida. A Aneel registrou ainda a trajetória recente das bandeiras tarifárias e do “subsidiômetro”, que mede o peso dos subsídios na formação da tarifa.
No curto prazo, o cenário segue desafiador. Para agosto, a bandeira tarifária vermelha patamar 2 está acionada, com cobrança adicional de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos — mecanismo que encarece a fatura quando o custo de geração sobe. Ao longo do ano, os reajustes efetivos variam conforme a distribuidora e a data de aniversário de cada contrato.
A política de subsídios do setor — da tarifa social ao Luz para Todos e aos descontos para fontes incentivadas — permanece no centro do debate regulatório. A própria Aneel vem reiterando que o crescimento desses benefícios, sem revisão de prioridades, amplia a pressão sobre a tarifa, exigindo avaliação do Congresso e do Executivo. O consumidor, por sua vez, sente o efeito de uma cesta de decisões que, no fim da linha, chegam como encargo na conta de luz.
Hamilton Silva
DFMobilidade — jornalista e economista, diretor da ABBP
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