Eduardo Bolsonaro reivindica posto presidencial em 2026 se o pai for impedido: “Sou candidato”

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Enquanto Jair Bolsonaro permanece inelegível até 2062 por decisão do STF, Eduardo sinaliza disposição para disputar o Planalto — e acusa sistema de tentar barrá-lo judicialmente.

 Um novo capítulo do bolsonarismo começa a se desenhar. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta terça-feira (23) que, caso seu pai — o ex-presidente Jair Bolsonaro — seja barrado das eleições em 2026, ele próprio se colocará como candidato à Presidência da República. A declaração ocorre em meio ao julgamento político e jurídico que envolve a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos, 3 meses de prisão.


O cenário jurídico

  • Jair Bolsonaro foi condenado pelo STF e declarado inelegível até 2062, em função da pena aplicada.
  • Eduardo Bolsonaro acusa que há movimentos do sistema para torná-lo inelegível também: “o sistema corre e se apressa para tentar me condenar em algum colegiado, que seja na Primeira Turma do STF, para tentar me deixar inelegível”, disse ele.
  • Paralelamente, a Procuradoria-Geral da República denunciou Eduardo e um influenciador, Paulo Figueiredo, pelo crime de coação no processo judicial. A denúncia alega que ambos atuaram, de forma reiterada, para pressionar autoridades e favorecer interesses do ex-presidente Jair Bolsonaro.

As implicações políticas

  1. Substituição antecipada
    A movimentação de Eduardo pode ser vista como um plano B estruturado: caso Jair não possa concorrer, o legado da campanha bolsonarista seria redirecionado para o seu filho. Isso preserva a identidade de marca política construída nos últimos anos e serve de alerta aos adversários.
  2. Risco judicial para Eduardo
    Em sua fala, há o reconhecimento de que ele mesmo corre risco de ser alvo de ações que poderiam inviabilizar sua candidatura. Ele aponta que já há esforços — “corridas” — para que ele seja condenado em instâncias judiciais. Se isso ocorrer, ele também poderia ser declarado inelegível. A denúncia da PGR sobre coação teoricamente pode gerar tais consequências.
  3. Legitimidade, reconhecimento internacional e narrativa de vitimização
    Eduardo disse que, caso ele ou o pai sejam barrados, há o risco de que “os EUA não reconheçam a legitimidade das eleições no Brasil”. Isso se insere numa estratégia de narrativa que mobiliza acusações externas, conforma discursos de deslegitimação de instâncias nacionais e estimula seguidores a verem nas instituições uma adversária.

Os desafios

  • Judiciário firme: O STF e outras instâncias precisam fundamentar suas decisões com clareza, respaldadas em provas, para evitar acusações de perseguição política — que esse tipo de discurso tende a fomentar.
  • Operação política do PL: Se Eduardo for confirmado como candidato, ele precisará fazer o PL estruturar uma sucessão interna clara, captar apoios regionais, consolidar discurso próprio — não apenas “herdeiro de Bolsonaro”.
  • Imagem pública e opositores: Sua campanha será inevitavelmente comparada à do pai — elogios e críticas se sobreporão. A percepção pública de continuidade ou ruptura será decisiva.

Contraponto

  • Posicionamento do STF: Cabe ao STF manter-se independente de pressões políticas. Qualquer decisão precisa se pautar no direito e na Constituição, não em interesses partidários ou pessoais.
  • Debate democrático: Há quem argumente que a simples possibilidade de candidatura de Eduardo em substituição aponta fragilidade institucional, se depender de impedimentos legais para definir adversários.
  • Risco de polarização: Parte da estratégia de Eduardo parece apostar no clima polarizado — acusando “o sistema” e galvanizando base de apoiadores com discurso de ostracismo. Isto pode ampliar divisões sociais e políticas.

Conclusão

A declaração de Eduardo Bolsonaro é, ao mesmo tempo, uma afirmação de ambição pessoal e uma tentativa de circunscrever obstáculos legais como se fossem peças de um jogo preparado contra si. A conjuntura política brasileira, marcada por decisões judiciais com impacto direto sobre pessoas ligadas ao Executivo, torna esse momento crítico. Se confirmar sua candidatura, Eduardo deverá enfrentar não apenas adversários políticos, mas uma arena legal e institucional cheia de espelhos — onde ele pode espelhar tanto vitórias quanto impedimentos.


 

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