O Brasil registrou saída líquida de US$ 14,67 bilhões entre janeiro e julho de 2025 — o segundo pior resultado para esse período na série histórica do Banco Central. O recorde negativo segue sendo o de 2020, auge da pandemia, quando o fluxo somou US$ 15,82 bilhões.
Os dados mostram desequilíbrio concentrado no canal financeiro, que reúne investimentos em carteira e diretos, remessas de lucros e pagamento de juros. Nesse segmento, o saldo acumulado no ano até julho foi negativo em cerca de US$ 49 bilhões, o pior da série iniciada em 2008. Pelo canal comercial, houve entrada de US$ 34,42 bilhões no mesmo período.
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Atualização mais recente do BC indica que, até 1º de agosto, o fluxo cambial do ano está negativo em US$ 14,224 bilhões — leve melhora em relação ao acumulado até julho, mas ainda em terreno desfavorável ao país. Em julho, o mês fechou com saída líquida de US$ 301 milhões: o canal financeiro cedeu US$ 9,247 bilhões, enquanto o comercial compensou parcialmente com entrada de US$ 8,947 bilhões.
O contraste entre comércio exterior robusto e saída no canal financeiro sugere pressão de remessas e movimentos de portfólio, elementos que historicamente ampliam a sensibilidade do câmbio ao humor do investidor. No jargão do BC, as estatísticas de “câmbio contratado” consideram operações de bancos com o setor não financeiro, sem incluir contratos interbancários nem intervenções da autoridade monetária.
Contexto e comparação
— 2025 (jan–jul): saída de US$ 14,646 bi (2º pior da série para o período).
— 2020 (jan–jul): saída de US$ 15,818 bi (pior da série).
— 2025 até 1º/8: fluxo negativo de US$ 14,224 bi; julho: -US$ 301 mi.
O movimento pressiona o câmbio e exige vigilância da política econômica, sobretudo porque a saída financeira ocorre apesar do superávit comercial. Para além do discurso, o investidor observa previsibilidade regulatória, estabilidade fiscal e segurança jurídica — pontos que, quando fragilizados, encarecem o capital e reduzem o apetite por risco.