Haddad atribui cancelamento a “pseudo-brasileiros”; aliados de Bolsonaro dizem que não interferiram em reunião com o Tesouro dos EUA
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o jornalista Paulo Figueiredo divulgaram nota nesta segunda-feira rebatendo declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o cancelamento de uma conversa com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent. Segundo Haddad, “pseudo-brasileiros” em Washington teriam trabalhado contra os interesses do país; os dois negam qualquer influência sobre a agenda americana e afirmam que a reunião “seria mera encenação”. Em novo movimento, eles dizem que embarcam novamente a Washington nesta quarta-feira (13.ago).
No texto, Bolsonaro e Figueiredo afirmam que “Haddad prefere culpar terceiros pela própria incompetência”, sustentam que Lula “inflama a crise diplomática” e apontam que o governo Trump declarou, “há quase duas semanas”, emergência com medidas econômicas — referência ao pacote de ordens executivas que incluiu tarifa total de 50% contra produtos brasileiros a partir de 30.jul.2025.
Contexto. A reunião entre Haddad e Scott Bessent — prevista inicialmente para esta semana — foi cancelada após a escalada tarifária dos EUA contra o Brasil. O governo brasileiro tenta reverter ou mitigar os efeitos das taxas sobre diversos itens, enquanto responsabiliza articulações políticas em Washington pelo endurecimento da Casa Branca.
Quem é Scott Bessent. Ex-gestor do mercado financeiro, Bessent foi empossado em 28.jan.2025 como o 79º secretário do Tesouro dos EUA, no governo Donald Trump. É o responsável por comunicar e operacionalizar sanções e medidas tarifárias recentes, inclusive as ligadas ao Brasil.
A emergência citada. Em 2.abr.2025, Trump declarou emergência nacional no comércio para sustentar um regime amplo de tarifas “recíprocas”. Em 30.jul, a Casa Branca editou ordem específica que classificou atos do governo brasileiro como “ameaça incomum e extraordinária” aos interesses dos EUA e consolidou a tarifa total de 50% para o Brasil. Desde então, os efeitos comerciais e diplomáticos se intensificaram.
O que dizem os autores da nota. Bolsonaro e Figueiredo afirmam não ter “nem pretender” ter controle sobre a agenda de Bessent, a quem chamam de “profissional admirável”, e prometem seguir em diálogo com autoridades americanas. O Planalto e o Ministério da Fazenda não comentaram, até a publicação deste texto, a nova viagem da dupla.
Por que importa. A relação Brasil–EUA atravessa seu momento mais tenso desde a adoção das tarifas de 50% e de sanções recentes, cenário que pressiona exportadores brasileiros e amplia a disputa narrativa entre Brasília e aliados de Bolsonaro radicados no exterior. Enquanto o governo Lula tenta conter danos econômicos, adversários exploram o desgaste político e acusam a gestão petista de isolamento internacional.
Próximos passos. Haddad busca alternativas para mitigar impactos das tarifas, enquanto o Itamaraty tenta reabrir canais de negociação. Do lado norte-americano, a política tarifária segue ancorada nas ordens executivas de Trump e na execução pelo Tesouro de Bessent.
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