Advogado de Filipe Martins aponta contradição de Cid em torno da “minuta de golpe”

JefFrey Chiquini - X
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Em tuíte publicado há poucos minutos, o advogado de Filipe Martins, Jeffrey Chiquini, afirmou que Cid, parte fundamental da investigação sobre a suposta elaboração de um decreto que configuraria tentativa de golpe, “apresenta diferentes versões porque ele está mentindo” e negou categoricamente a existência de qualquer minuta. Segundo Chiquini, “nem Bolsonaro nem Filipe fizeram ajustes nessa tal minuta fantasma, porque ela não existe nem nunca existiu”.

Contexto e versões divergentes
Cid integrou, em 2024, a lista de colaboradores premiados que relataram detalhes de conversas e documentos internos do Palácio do Planalto durante o governo Bolsonaro. Na delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal, ele atribuiu a elaboração do esboço de decreto a um trabalho “a quatro mãos” entre Jair Bolsonaro e o assessor Filipe Martins. Em depoimento judicial, reforçou essa versão, detalhando que as alterações foram feitas de forma conjunta.

Horas atrás, contudo, Cid afirmou — segundo o print divulgado pelo defensor de Martins — que Bolsonaro teria ajustado o texto sozinho, “contradizendo o que dissera anteriormente em sua delação premiada e em seu depoimento judicial”. Para o advogado Jeffrey Chiquini, essa oscilação demonstra “má-fé e falta de coerência” e reforça a tese de que não há qualquer minuta que comprove a intenção de golpe.

Repercussão e ausência de documentos oficiais
Até o momento, não há nos autos do inquérito quaisquer cópias ou registros oficiais que confirmem a existência do decreto. Ministérios e pastas mencionados no bojo das apurações foram procurados pela reportagem, mas não emitiram respostas formais sobre a autenticidade de quaisquer documentos.

Por sua vez, Cid não atendeu aos pedidos de entrevista e não se manifestou oficialmente sobre as acusações de contradição até o fechamento desta edição.

O desafio das apurações
O embate entre as versões de Cid e a negação imediata de Martins reacende questionamentos sobre a solidez das provas apresentadas no inquérito. Especialistas em direito penal consultados pela reportagem ressaltam que, sem a apresentação de arquivos ou assinaturas que atestem a existência do documento, fica comprometida a linha de acusação que vincula diretamente o presidente Jair Bolsonaro a uma tentativa de usurpação do processo legislativo.

A disputa de versões deverá influenciar diretamente o curso das investigações no Supremo Tribunal Federal, que avalia agora não apenas o conteúdo das alegações, mas também a credibilidade das testemunhas e colaboradores premiados.


Hamilton Silva
Editor do DFMOBILIDADE

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