Gastos com BPC somam R$ 52,34 bi e intensificam aperto fiscal

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Os gastos do governo federal com o Benefício de Prestação Continuada (BPC) alcançaram R$ 52,34 bilhões no acumulado de janeiro a maio de 2025, registrando alta real de 10,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o total ficou em R$ 47,34 bilhões .

Em maio, o custeio com o BPC somou R$ 10,39 bilhões, acréscimo real de 6,5% frente a maio de 2024. O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, ressaltou que “um dos itens de despesa obrigatória que gera uma pressão relevante é o BPC, que tem um problema de judicialização grande” .

O BPC foi instituído pela Constituição de 1988 e regulamentado pela Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social) e pelo Decreto nº 6.214/2007. Garante o pagamento de um salário mínimo mensal a idosos com 65 anos ou mais e a pessoas com deficiência de qualquer natureza, desde que a renda familiar per capita seja igual ou inferior a 1/4 do salário mínimo (critério ampliado para até 1/2 em situações de calamidade pública, conforme Lei nº 13.982/2020) .

A pressão orçamentária do BPC se intensifica em um cenário de população envelhecida: em 2022, 10,9% dos brasileiros tinham 65 anos ou mais (22,17 milhões de pessoas), alta de 57,4% em relação a 2010. Segundo projeções do IBGE, a proporção de idosos (60 anos ou mais) deve subir de 15,6% em 2023 para cerca de 37,8% em 2070, o que tende a elevar ainda mais o peso das despesas obrigatórias .

O programa também enfrenta elevado grau de judicialização. Relatórios do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam que, em 2024, apenas 23% das ações referentes ao BPC julgadas pela Justiça Federal foram deferidas, e decisões judiciais respondem por 25% do total de concessões do benefício. Embora o governo critique concessões judiciais, estudo do CNJ mostra que a maioria das decisões segue estritamente os critérios legais .

No plano fiscal, o governo registrou déficit primário de R$ 40,6 bilhões em maio de 2025, contra R$ 60,4 bilhões em maio de 2024 (queda de 32,8%). No acumulado de janeiro a maio, houve superavit de R$ 32,2 bilhões – revertendo o saldo negativo de R$ 28,7 bilhões do ano anterior –, influenciado pela redução de R$ 31,3 bilhões em despesas de sentenças judiciais e precatórios .

Para mitigar a escalada de gastos obrigatórios, o governo enviou ao Congresso medidas estruturais. A Lei nº 15.077/2024 elevou formalidades para concessão e manutenção do BPC sem alterar a idade mínima ou definição legal de deficiência, mas críticos defendem debate mais amplo sobre sustentabilidade fiscal e proteção social .

O desafio agora é equilibrar a garantia de direitos fundamentais a idosos e pessoas com deficiência com a responsabilidade fiscal, assegurando que o BPC continue cumprindo seu papel de proteção social sem comprometer o ajuste das contas públicas.

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