China envia aviões de transporte ‘misteriosos’ ao Irã: o que está sendo levado?

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Em um período de três dias, entre 14 e 17 de junho de 2025, pelo menos três aviões cargueiros Boeing 747 de procedência chinesa decolaram de cidades como Xangai e Sumbe (próximo à costa leste da China) com planos de voo oficialmente registrados para Luxemburgo, mas desapareceram dos radares ao se aproximarem da fronteira iraniana. Dados de rastreamento por sistemas semelhantes ao FlightRadar24 indicam que as aeronaves seguiram rotas semelhantes, cruzando o norte da China, o Cazaquistão, o Uzbequistão e o Turcomenistão antes de sumirem próximos a Teerã. A incongruência entre o destino declarado e o trajeto efetivamente percorrido levantou dúvidas sobre a real natureza da carga transportada.

Parceria estratégica e contexto geopolítico
China e Irã mantêm desde 2021 um acordo de cooperação estratégica de 25 anos, consolidado por trocas comerciais que ultrapassam US$ 400 bilhões em investimentos previstos em infraestrutura e energia até 2040. O Irã é um dos principais fornecedores de petróleo de Pequim, com exportações diárias que alcançam cerca de dois milhões de barris, o que sustenta parte significativa das reservas de energia chinesas. Analistas, como a professora Andrea Ghiselli, da Universidade de Exeter, ressaltam que “esses voos não podem gerar outra expectativa senão a de que a China busca apoiar Teerã em um momento de tensão regional” . A operação ocorre poucos dias após ataques aéreos israelenses contra instalações iranianas, aumentando as especulações sobre um possível envio de armamentos ou componentes militares.

O conteúdo dos cargueiros e o grande desconhecido
A natureza exata da carga continua um mistério. Especialistas em aviação militar observam que os Boeing 747-400F são largamente utilizados em contratos governamentais para transporte de equipamentos pesados, como veículos blindados, sistemas de defesa antiaérea e componentes logísticos . Há precedentes de remessas de tecnologia sensível sob a fachada de produtos civis: no ano passado, autoridades europeias interceptaram tentativas de envio de componentes de drones disfarçados como peças de turbinas eólicas provenientes da China. A Cargolux, empresa responsável pelos voos, negou oficialmente o uso do espaço aéreo iraniano e não comentou o conteúdo das remessas, alegando que ilícitos só poderiam ser comprovados por meio de inspeções independentes das cargas. Até que haja acesso aos manifestos ou inspeção internacional, permanece incerto o que efetivamente está chegando ao solo iraniano.


Engaje-se
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