Em entrevista ao programa Estúdio I, na Globo News, o ex-ministro José Dirceu advertiu que o Partido dos Trabalhadores mantém um discurso deslocado da realidade contemporânea, incapaz de dialogar com as novas pautas digitais e sociais que moldam o eleitorado brasileiro . Segundo Dirceu, o partido “continua com um Brasil que já não existe”, sem presença efetiva nas redes sociais e sem propostas robustas em segurança pública ― bandeiras em que a direita tem obtido maior ressonância .
Figura central na fundação e consolidação do PT, José Dirceu de Oliveira e Silva acumula passagens pela liderança partidária e pelo comando da Casa Civil no primeiro governo Lula. Ao longo das décadas, articulou campanhas, estruturas de base e as estratégias eleitorais da legenda, mas agora ressalta que “o partido não se integrou nem ocupou espaços no novo mundo digital” .
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O alerta de Dirceu ocorre em meio a um revés político recente: na segunda-feira, 16 de junho, a Câmara dos Deputados aprovou, por 346 votos a 97, o regime de urgência para projeto que suspende o decreto do governo que elevou as alíquotas do IOF. A votação expressiva reflete o clima de insatisfação com a gestão fiscal do Executivo .
O episódio ganhou contornos emblemáticos diante da ausência de governantes-chave: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou ao Canadá para participar da 51.ª Cúpula do G7 em Kananaskis, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, desfruta de férias até 22 de junho . A combinação de uma liderança federal distante das decisões legislativas e um partido sem interlocução digital intensifica o questionamento de Dirceu sobre a capacidade do PT de se adaptar ao novo cenário político.
Às vésperas do ano eleitoral de 2026, o recado de José Dirceu exige uma resposta concreta: que o PT redefina sua estratégia de comunicação, modernize sua articulação nas redes e apresente propostas consistentes de segurança pública. Sem isso, corre o risco de permanecer “atrasado” perante um eleitorado cada vez mais conectado e exigente.
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