Em uma declaração aos jornalistas, na tarde de segunda-feira, 9 de junho de 2025, o presidente Donald Trump afirmou que apoiaria uma eventual prisão do governador da Califórnia, Gavin Newsom, caso o “border czar” Tom Homan atendesse ao desafio de detê-lo durante os motins contra operações da Imigração e Alfândega (ICE) em Los Angeles.
Segundo Trump, em breve conversa após desembarcar do Marine One na Casa Branca, “ele está desafiando Tom Homan a vir prendê-lo. Deveria fazê-lo? Eu o faria se fosse o Tom. Acho isso excelente. Gavin gosta de publicidade. Mas ele é terrivelmente incompetente. Ele é um sujeito legal, mas incompetente. Todo mundo sabe disso”.
O confronto verbal ocorre no rastro de protestos que se intensificaram em Los Angeles no fim de semana, quando agentes do ICE realizaram operações de grande porte para deter migrantes em situação irregular, levando a confrontos entre manifestantes – que chegaram a atirar objetos e queimar bandeiras americanas – e agentes federais. Em resposta à escalada, Trump autorizou o envio de 2.000 tropas da Guarda Nacional local para reforçar a segurança na cidade.
Em contraponto, o governador Newsom respondeu por meio de sua conta oficial no X (antigo Twitter), classificando a sugestão de prisão como “um passo inaceitável rumo ao autoritarismo” e ressaltando que “não importa se você é democrata ou republicano: prender um governador em exercício cruza uma linha que jamais deveríamos ultrapassar como nação”.
Ainda na segunda-feira, o “border czar” Tom Homan esclareceu ao programa Fox & Friends que sua declaração de que “ninguém está acima da lei” referia-se exclusivamente a manifestantes que cometessem crimes — não a autoridades eleitas — negando qualquer discussão prévia sobre a detenção de Newsom.
Este episódio marca um momento inédito na relação federal-estadual nos Estados Unidos, ao transformar uma crise de ordem pública em confronto direto entre o presidente e o chefe do Executivo de um dos maiores estados da federação, suscitando debates sobre limites constitucionais e prerrogativas executivas.