Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal na manhã desta segunda-feira (9), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, voltou atrás em relação aos áudios divulgados pela revista Veja e afirmou que as gravações em que sugeria ter sido pressionado pela Polícia Federal para firmar acordo de colaboração premiada tratavam-se apenas de um “desabafo” em conversa privada com um amigo.
O militar é réu no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022. O relatório da Polícia Federal, cuja análise preliminar resultou no indiciamento de 37 pessoas por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa, teve seu sigilo levantado em 26 de novembro de 2024 pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.
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Questionado especificamente sobre as menções de ter sido coagido a confirmar versões que não presenciou, Cid declarou:
“Foi mais um desabafo para um amigo (…) Com relação aos investigadores da PF, em nenhum momento houve pressão.”
Em 22 de março de 2024, após o vazamento desses mesmos áudios, Cid teve sua prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, sob alegação de descumprimento de medidas cautelares e obstrução de Justiça. A detenção foi comunicada pelo próprio STF, e o militar chegou a ser encaminhado ao Instituto Médico Legal após passar mal na audiência. Ele foi solto em 3 de maio seguinte, após compromisso de cumprimento de restrições como uso de tornozeleira eletrônica e proibição de contato com outros investigados.
Os interrogatórios dos réus deste processo devem ser concluídos até sexta-feira (13), seguindo cronograma em ordem alfabética. Cid foi o primeiro a depor em razão de ter fechado acordo de colaboração em etapa inicial das investigações.
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Hamilton Silva
Jornalista e editor-chefe do Portal DFMobilidade
