PCC investe R$ 8 bilhões em candidaturas e facções tentam interferir em 42 cidades nas eleições de 2024, revela PF

Foto: Agência Brasil
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Um relatório sigiloso da Polícia Federal aponta que facções criminosas atuaram para influenciar o pleito municipal de 2024 em ao menos 42 cidades brasileiras. No estado de São Paulo, o Primeiro Comando da Capital (PCC) teria canalizado cerca de R$ 8 bilhões em apoio a candidaturas alinhadas ao grupo, enquanto no Rio Grande do Norte o caso de João Dias expôs ofertas de até R$ 730 mil para forçar renúncias e favorecer operadores da facção .

Em João Dias (RN), a investigação revelou que Francisco Damião de Oliveira, o ex-prefeito Marcelo, recebeu proposta de R$ 730 mil para deixar o cargo — medida que precedeu o assassinato dele e de seu pai, ligados à disputa com integrantes do PCC. A hipótese é de que a facção visasse não só expandir sua influência política, mas também lavar recursos públicos por meio de eleições municipais .

Comparativo com 2022

Embora a preocupação com a atuação de milícias e facções em eleições não seja inédita, em 2022 a estratégia predominante envolvia desinformação digital, deep fakes e intimidações locais, e não aportes financeiros dessa magnitude. Naquele ano, a Polícia Federal estruturou a Divisão de Crimes Eleitorais (DRCE) para monitorar fake news, infiltração de facções e transações suspeitas — reconhecendo que “a influência política de milícias e facções criminosas sempre existiu, mas hoje ocorre em escala preocupante”, afirmou o delegado Cleo Mazzotti .

Casos de desinformação marcaram o pleito de 2022. O Tribunal Superior Eleitoral ordenou a retirada de tuítes que associavam o ex-presidente Lula ao PCC, considerada uma manobra de desmoralização eleitoral . A Reuters também desmentiu boatos de encontros de Lula com líderes de facções, esclarecendo que um vídeo viral mostrava, na verdade, o presidente em reunião com motoboys, e não com criminosos como Marcola ou Fernandinho Beira-Mar .

Desafios e resposta institucional

Especialistas apontam que o novo patamar de financiamento criminoso nas urnas exige articulação entre justiça eleitoral, Ministério Público e agências de inteligência. Além de reforçar a fiscalização das contas de campanha, recomenda-se ampliar operações de inteligência financeira (RIFs) e agilizar a resposta a denúncia de ameaças ou compra de votos.

A escalada do PCC em 2024, com R$ 8 bilhões movimentados, sinaliza um novo capítulo na guerra pelo controle político local. A análise de dados do sistema financeiro, cruzamento de informações de beneficiários de programas sociais e cooperação entre forças de segurança deverão ser cruciais para coibir o avanço dessas práticas ilícitas.


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