Entram em vigor nesta quarta-feira (12), à meia-noite, as tarifas de 25% dos Estados Unidos sobre as importações de aço e alumínio do Brasil. A medida foi confirmada pelo vice-secretário de imprensa da Casa Branca, Kush Desai, nesta terça-feira (11). “Todos os parceiros comerciais” dos EUA, “sem exceções”, serão atingidos pela nova política tarifária imposta pelo governo do presidente Donald Trump (Partido Republicano).
A sobretaxa vai impactar diretamente as exportações brasileiras. Com a tarifa adicional, o aço e o alumínio do Brasil ficarão até 25% mais caros para os importadores norte-americanos, o que pode afastar compradores e reduzir o volume exportado. O governo Lula, no entanto, ainda não anunciou nenhuma reação. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços informou que só deve se posicionar após análise prevista para esta quarta-feira.
Apesar do impacto potencial bilionário, Lula não tratou publicamente do tema durante evento na fábrica da Gerdau, em Ouro Branco (MG), nesta terça. A empresa responde por 12% da produção nacional de aço. Mais cedo, em visita ao centro de desenvolvimento da Stellantis, em Betim, Lula preferiu atacar Trump. “Não adianta ficar gritando de lá porque aprendi a não ter medo de cara feia. Fale manso comigo, fale com respeito que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado”, afirmou o petista.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que acompanhava Lula na agenda em Minas Gerais, se reunirá nesta quarta-feira com representantes do Instituto Aço Brasil para “tratar do setor do aço”, que sofre pressão com a decisão americana. Estão confirmados na reunião:
• Guilherme Mello, secretário de Política Econômica
• Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional
• Sergio Leite de Andrade, presidente do conselho do Instituto Aço Brasil e VP da Usiminas
• Marco Pollo de Mello Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil
• Cristina Yuan, diretora de Assuntos Institucionais do Instituto Aço Brasil
• Marcelo Ávila, superintendente de economia do Instituto Aço Brasil
• André Gerdau Johannpeter (Gerdau)
• Erick Torres (ArcelorMittal Pecém)
• Jorge Oliveira (ArcelorMittal Brasil)
Os Estados Unidos são o maior comprador de aço do Brasil e o segundo de alumínio. Com a tarifa de 25%, uma exportação de aço que hoje custa US$ 1.000 passaria a custar US$ 1.250. Estudos indicam que a medida pode provocar uma queda de até US$ 700 milhões nas exportações brasileiras.
As tarifas sobre aço (25%) e alumínio (10%) não são novidade. Foram impostas inicialmente em 2018 pelo governo Trump, com o objetivo de proteger a indústria americana. O Brasil conseguiu, à época, uma isenção parcial, com cotas limitadas de exportação.
Agora, Trump endurece o jogo. No decreto atual, o republicano argumenta que a importação de aço e alumínio de países como Brasil, Canadá, México e Coreia do Sul aumentou além do esperado. Segundo ele, isso compromete a estratégia de fortalecimento da indústria dos Estados Unidos, o que justificou o retorno das sobretaxas.