O diretório nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) voltou a criticar o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Para a legenda de esquerda, o economista tenta transformar a autoridade monetária em um “bunker” para, supostamente, sabotar o país.
A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), afirma que o líder do BC age contra o governo federal.
Na última quinta-feira, 18, a direção do PT aprovou uma resolução política que responsabiliza o presidente do BC pela situação econômica do país.
“É papel do partido manter a pressão por juros mais baixos até a saída do Banco Central do bolsonarista Roberto Campos Neto”, afirma um trecho da resolução petista. “Ele tem utilizado a autarquia como uma espécie de ‘bunker para a sabotagem econômica’ do país e plataforma de articulação político-partidária.”
O presidente do BC tem mandato até 31 de dezembro de 2024. Depois, caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicar um sucessor, que precisará passar pelo crivo do Senado.
Críticas a Campos Neto
Gleisi Hoffmann reforçou as críticas a Campos Neto em seu perfil no Twitter/X, no último sábado. Ela o acusou de agir contra o governo federal ao ser “rigoroso” com as contas.
Além disso, a parlamentar escreveu que, com a Proposta de Emenda à Constituição 65/2023, que pretende dar mais autonomia orçamentária e financeira ao Banco Central, a instituição ficaria “imune às regras do orçamento”.
Apesar de responsabilizar o presidente do BC sobre as contas públicas, o governo Lula tem recebido críticas em razão de suas políticas econômicas. Reclamações que partem até da imprensa internacional.
Com o governo petista, desde início do ano até a metade de junho, o real acumulou queda de 17% em relação ao dólar — o pior desempenho entre as moedas mais importantes do mundo no período.
Além disso, a Bolsa de Valores do Brasil, a B3, caiu 8%, apesar da recuperação de outros mercados emergentes.
Os investidores duvidam do compromisso de Lula com políticas fiscais e monetárias responsáveis. É o que afirma um artigo da revista britânica The Economist, publicado na última quinta-feira, 18.
Segundo a publicação, a preocupação do mercado parece agora ter sido levada em conta, ao menos parcialmente.
“O governo Lula gasta muito, e ele muitas vezes parece relutar em controlar isso”, critica a a revista The Economist. “Além disso, o presidente tem se intrometido em empresas controladas pelo Estado.”