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Viagens de Lula tornam Alckmin o vice que mais ocupou a Presidência em seis meses de mandato

Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil

Visto com desconfiança pela base petista ao ingressar na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, no ano passado, Geraldo Alckmin se tornou o vice-presidente que mais assumiu a Presidência da República no início de mandato desde a redemocratização.

Com o giro internacional do titular, ele vai chegar ao fim do mês com 31 dias no posto, apenas um dia a menos que o vice de Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão, ao longo de todo o primeiro ano do governo passado.

Na comparação com os outros ocupantes do posto, quem chega mais perto é José de Alencar — vice de Lula nos primeiros dois mandatos. Alencar ocupou a Presidência por 27 dias no primeiro semestre do segundo mandato do petista, em 2007.

Longe de ser um “vice decorativo”, Alckmin tem usado a caneta de titular para tomar decisões importantes, como a prorrogação do prazo para que pessoas físicas possam adquirir carros com descontos. Na quinta-feira, diante da decisão do Banco Central de manter a taxa de juro em 13,75%, convocou uma entrevista coletiva e criticou o patamar, chamado por ele de “desnecessariamente elevada”.

O peso político do cargo também tem servido para turbinar os quadros do PSB, principalmente atraindo prefeitos de São Paulo — no sábado passado, esteve em Barueri na cerimônia de filiação do prefeito Rubens Furlan, que deixou o PSDB. Nos últimos dias, recebeu deputados e dirigentes partidários em seu gabinete para discutir eleições municipais. Uma das metas do PSB é ter candidatos próprios em quase todas as cidades da região metropolitana de São Paulo.

Ao deputado Jonas Donizete (PSB-SP), que preside a legenda no estado, Alckmin pediu ajuda na mobilização, indicou nomes de alvos que podem migrar para a sigla, especialmente ex-prefeitos, e demonstrou preocupação em meio ao cenário em que o Republicanos, do governador Tarcísio de Freitas, e o PSD, do secretário de Governo, Gilberto Kassab, têm feito o mesmo movimento.

“Ele me pediu ajuda para conversar com as pessoas. Alckmin é um ativo que a gente tem, alguém que além de ter governado o estado de São Paulo agora tem a autoridade de ser vice-presidente. Ele nos diz que o partido que não tem força nos municípios depois pode ter dificuldade no plano nacional”, disse Donizette ao “O Globo”.

Ao receber deputados, Alckmin segue um roteiro semelhante. Faz uma avaliação da conjuntura política e tem em mãos um relatório com o resumo de recursos enviados e ações do governo direcionados à base do parlamentar. Quando esteve com Aliel Machado (PV-PR) na quarta-feira, citou as emendas e a quantidade de profissionais do Mais Médicos que alocados em Ponta Grossa, além de prometer que o deputado seria convidado para integrar a comitiva do vice em uma viagem ao Paraná, prevista para o dia 30 de junho. Avisar deputados da base quando ministros forem aos seus estados é uma determinação de Lula.

O vice tem aproveitado as conversas também para defender a federação entre PSB e PDT e argumentado que partidos com bancadas menores devem buscar alianças para lançarem candidatos a prefeitos e vereadores em 2024, sob pena de perderem força nos municípios.

“Ele nos aconselha a tentar diminuir o máximo de conflitos possíveis, fazer alianças onde for possível, para evitar duas candidaturas da base do governo”, disse o deputado Max Lemos (PDT-RJ), ex-prefeito de Queimados e estimulado por Alckmin a tentar retomar o posto.

O vice se define como alguém que ajuda a construir pontes, avalia que a relação do governo com o Congresso tem melhorado, mas atribui o mérito do distensionamento dos últimos dias ao presidente Lula. Na semana que vem, vai a Portugal, a pedido do petista, para se reunir com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa e o primeiro-ministro António Costa.

Na terça-feira, antes de anunciar a prorrogação por mais 15 dias do prazo para que apenas pessoas físicas possam adquirir carros leves com os descontos entre R$ 2 mil e R$ 8 mil bancados pela União, Alckmin conversou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O programa aproximou o vice e o ministro. Embora tenha havido uma hesitação inicial da Fazenda com a medida do Ministério de Indústria e Comércio, que autorizou o uso de R$ 500 milhões em créditos tributários para a venda de carros com desconto, o sucesso da iniciativa reduziu as tensões.

Os feirões anunciados por montadoras nos finais de semana e a expectativa de que as empresas continuem praticando descontos animaram Alckmin a prorrogar a medida. Na avaliação de auxiliares do vice, o programa está tendo efeito na classe média, público sobre o qual o governo tenta vencer resistências.

Avesso a sentar na cadeira do chefe, dessa vez Alckmin sequer ocupou o gabinete presidencial no terceiro andar do Palácio do Planalto. Cumpre agenda das 8h às 20h, parte despachando da Vice-Presidência e parte do Ministério de Indústria e Comércio.

Período em que os vices ocuparam a Presidência nos primeiros seis meses de mandato
Geraldo Alckmin – 2023 – 31 dias
José de Alencar – 2007 – 27 dias
José de Alencar – 2003 – 22 dias
Marco Maciel – 1999 – 17 dias
Michel Temer – 2011 – 16 dias
Hamilton Mourão – 2019 – 16 dias
Marco Maciel – 1999 – 13 dias
Michel Temer – 2015 – 13 dias
Itamar Franco – 1990 – 9 dias

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