Candidata do PDT de Ciro Gomes no DF, a senadora Leila do Vôlei em seu programa eleitoral da TV, no Plano de Governo e em diversas entrevistas, faz uma promessa no mínimo desproporcional no que se refere à ampliação da malha metroviária.
Ao propor a construção de pelo menos mais 25 quilômetros de linhas do metrô, por exemplo, ela precisaria de um recurso em torno de: R$ 37 bilhões, dinheiro que o DF não dispõe e que precisaria pegar emprestado…e quem emprestaria?
Explico, a conta é simples: o quilômetro construído calculado por empresas que desejavam ampliar a extensão do metrô no ramal Ceilândia era de $ 250 milhões em valores de 2018. Estudos apontam que estes valores devem ser corrigidos já que o aço e outros componentes para a obra aumentaram muito, principalmente com a pandemia, sem levar em consideração o custo de operação, ou seja, colocar os trens para rodar.
Custos de linhas, estações e veículos de metrôs (em média) | |
Linha subterrânea (incluído o material rodante) | US$ 200 a US$ 300 milhões /km |
Linha mista (subt./elevada), com MR | US$ 150 a US$ 250 milhões /km |
Linha em superfície, com MR | US$ 100 a US$ 150 milhões /km |
Linha de metrô leve, com MR | 60% de um metrô pesado |
Estação subterrânea | US$ 30 a US$ 50 milhões |
Veículo (vagão) de um trem de metrô | US$ 2 milhões |
Fonte: Peter Alouche
Projetos de grandes sistemas de transportes são complexos e envolvem uma grande diversidade de atores, que poderão baratear ou encarecer as obras. É o poder público, consultores, fabricantes, construtores e a população da cidade.
No caso de metrôs, a complexidade é ainda maior, pelo tamanho das intervenções e sua permanência no tempo: As estações são projetadas para durarem 100 anos, o material rodante para 50 anos e a parte eletrônica para ao menos dez anos”, explica o engenheiro Peter Alouche, consultor de transporte sobre trilhos.
Quando o candidato ou candidata faz a promessa de se construir algo tão complexo é preciso especificar com clareza de onde virão os recursos e o trecho especifíco em que irá construir sob pena de ser promessa vazia ou enganosa. Prometer é fácil, depois que passarem as eleições todos se esquecem do que foi dito e mais uma vez, o eleitor fica a “a ver navios”…
Hamilton Silva – Jornalista, graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Católica de Brasília, pós em Gestão Pública e editor do portal DFMobilidade.