A maioria dos 10.414 homens entre soldados e cabos combatentes está envelhecendo na mesma graduação sem que a lei seja cumprida |
Há quem diga que a PMDF tem muito cacique pra pouco índio. São 53 coronéis, 14 a mais do número permitido por lei. Tem ainda 93 tenente-conéis quando deveriam ter só 78 e 271 majores, 72 a mais. Nos últimos 8 anos, a PM tem crescido o quadro de oficiais com fartas promoções, enquanto tem encolhido nas “praças”, cuja maioria se aposenta como no máximo “segundo-sargento” sem almejar o último posto de subtenente como deveria ser
A maioria dos 10.414 homens entre soldados e cabos combatentes está envelhecendo na mesma graduação sem que a lei seja cumprida. Quem ingressou nas fileiras da PMDF como soldado e que deveria ser graduado a cabo, após dez anos, já chegou há 15 anos e não saiu do lugar. O mesmo acontece com os cabos onde alguns chegaram a segundo-sargento e deverão encerrar a carreira sem alcançar o posto de subtenente, última graduação para as praças.
Apesar de ter prometido, durante a campanha de 2014, de que faria a promoção das praças da PM, independente de vagas, o governador Rodrigo Rollemberg revela estar pouco se lixando para os que estão nas ruas no combate frontal com a marginalidade.
Os policiais militares reclamam do descaso do governo em relação às praças. O que era para ser motivo de alegria, tornou-se um misto de decepção e de descontentamento generalizado. No último dia 25 de agosto, o governador Rollemberg promoveu pouco mais de 400 praças quando havia mais de duas mil vagas disponíveis.
Militares combatentes, com mais de 15 anos de serviço e mais de cinco anos na graduação, não foram contemplados com a merecida promoção na carreira, que é natural em qualquer serviço público.
O governador Rodrigo Rollemberg insiste em não reduzir o interstício (tempo mínimo que o militar fica em uma graduação), e assim dar um alento aos sofridos praças, aqueles que patrulham diuturnamente para garantir a liberdade da população de transitar sem medo pelas ruas do DF.
A “matrícula 70 mil”, de 2003, foi a mais prejudicada. A maioria dos 800 policiais dessa matrícula já tem mais de 15 anos na mesma graduação e não vão poder fazer o curso para alcançar a promoção. Muitos já foram embora e outros esperam que tenha a redução do interstício em dezembro.
Ao longo dos últimos oito anos, a Polícia Militar do Distrito Federal vem encolhendo drasticamente no seu quadro operacional. Em 2015, inicio do governo Rollemberg, a tropa chegava a 15 mil homens. Hoje, o efetivo caiu para 11 mil policiais, todos desestimulados pela falta das promoções.
Se as promoções faltam para as praças da PMDF, para o quadro de seus oficiais tudo flui com mais facilidade. O “instituto da agregação”, norma já condenada pelo Tribunal de Contas do DF, faz crescer, a cada ano, o inusitado quadro de “coronéis de corredores”, por não terem função ou sala para trabalhar, a não ser nos corredores da corporação.
Enquanto a PM incha para cima, a instituição centenária emagrece pra baixo. Falta vontade política para solucionar o problema, a exemplo de mudar o sistema das promoções, instituído a promoção por tempo de serviço, independentes de vagas, ou promover uma nova redistribuição de vagas. No entanto, o que acontece é que Rollemberg cultua a tese do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, ao acreditar que, aquinhoando os oficiais, ele pode controlar o resto da tropa. Então, tá!