No dia 10 de Setembro, o Nubank comprou a Easynvest, famosa corretora de valores, e não revelou o preço pago por esta aquisição. Desde o surgimento da fintech, a conta corrente é remunerada em 100% do CDI e possui garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) por ser lastreada em um RDB (Recibo de Depósito Bancário).
Isto fez com que milhares de pessoas abandonassem os bancos tradicionais em busca dos benefícios que o Nubank proporciona. Entre eles: Transferências via TED e emissão de boletos gratuitos, bem como cartão de crédito com pontos sem anuidade.
Entretanto, o seu principal concorrente, o banco digital Intermedium, também possui estas facilidades com o adicional de ter saques gratuitos nos bancos 24 horas e plataforma própria de investimentos.
Outras fintechs começaram a aderir o 100% do CDI como conta remunerada, e este acirramento na concorrência fez com o Nubank inovasse em suas soluções para não ficar para trás. Uma das medidas foi maior interação com os usuários nas redes sociais.
Na mesma linha em que engajaram com os usuários, disseminavam a marca. Em segundo lugar o Nubank comprou a Easynvest para enfim proporcionar o acesso aos investimentos de forma facilitada. Esta aquisição permite ao Nubank diversificar seu portfólio de produtos.
Isso porque até então estavam focados em cartões de crédito, contas e crédito pessoal. A partir de agora podem, inclusive, gerar receitas a partir de corretagem em investimentos além de atrair outro tipo de público para a plataforma.
A compra será aprovada pelos órgãos reguladores?
Apesar da comprar estar fechada, ambas empresas aguardam a aprovação de órgão regulatórios do Banco Central do Brasil (BC) e, principalmente, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
O CADE é o órgão que tem por função defender a livre concorrência.
Desta forma, ele pode vetar ou autorizar as fusões e aquisições de uma empresa. Evitando práticas predatórias de preços, vendas casadas, preços abusivos ao consumidor e, mais importante, evitar a formação de cartéis que obtém margens muito acima do mercado por conta da fixação de preços.
A expectativa do mercado é que estes órgãos aprovem a aquisição do Nubank. Isso porque os serviços prestados são complementares, de forma a não impactar diretamente o consumidor quando se trata de fixação de preços.
Nubank comprou a Easynvest, mas ainda gera prejuízo
No primeiro semestre de 2020, o Nubank fez a divulgação do balanço geral do ano de 2019, não agradou o mercado como já era a expectativa, mas divulgou também os resultados do primeiro semestre de 2020.
Como resultado, referente ao ano de 2019, a fintech registrou prejuízo na casa de R$321,6 milhões e menos R$528,8 milhões que seriam provenientes de receitas.
Além disso, registrou R$841 milhões em despesas. Quando comparado com o ano passado este número reflete aumento de 211% de aumento.
Pelo fato do Nubank se posicionar como uma plataforma de pagamentos 100% digital, boa parte dos custos além de pessoal são com tecnologias com servidor, segurança e inovação.
Ainda que as transferências via TED sejam gratuitas para o consumidor final, ainda sim têm custos para a fintech. Estas despesas com intermediação financeira comparando com o ano de 2019 avançaram cerca de 36%.
Outro dado relevante divulgado pelo Nubank foi que os gastos com o pessoal também aumentaram e chegam a R$340 milhões de reais.
Em segundo lugar, no relatório a empresa se justifica após estes dados alarmantes de prejuízo dizendo que “o aumento das despesas financeiras se deve principalmente a provisão para aumento de crédito de liquidação duvidosa”.
Acima de tudo, vale lembrar que o business de fato do Nubank, até então, são os cartões de Crédito. Como resultado deste setor, houve um aumento com relação a 2019 de 76%.
Em contrapartida o resultado para o primeiro semestre de 2020 agitou os investidores e correntistas do Nubank. Isso porque, houve aumento considerável na base de clientes, e ainda que esteja com prejuízos na casa de R$95 milhões para este ano, representa uma perda cerca de 30% menor.
À primeira vista estes dados são assustadores para a maioria das pessoas, entretanto a escolha de permanecer no prejuízo por determinado período é uma escolha.
Os gestores e CEO da empresa optaram por isso, pois a empresa que ainda é recente no Brasil está passando por um momento de crescimento e consideram ser uma etapa estratégica.
Ainda em 2020, o nubank conseguiu captação no valor aproximado de 300 milhões de reais, em um fundo de capital de risco. Este tipo de fundo visa levantar capital para empresas, principalmente, startups para que elas possam ter mais caixa e possam financiar as suas atividades.
Easynvest em números
Quando o Nubank comprou a Easynvest, a ideia por trás da aquisição de 100% das ações da empresa, é não ter que começar do zero, visto que a concorrência com outras fintechs de pagamentos estava acirrada. Por isso, optaram por não crescer esta frente de forma orgânica, pois demandaria muito tempo.
A Easynvest, hoje, é uma das maiores corretoras independentes do Brasil. Possui uma base sólida de usuários que estão aderidos à cultura da empresa.
Por meio das mídias sociais a corretora promove maior engajamento captando mais clientes em plataformas que outras empresas ainda não exploraram. Como por exemplo, o twitter.
Tal estratégia, que visa maior engajamento com os clientes, trouxe à empresa uma base sólida de usuários que somados investem mais de 20 bilhões. Ou seja, este valor está sob a custódia da empresa.
Cenário econômico: Por que várias empresas estão sendo compradas?
O atual cenário econômico, com o menor patamar histórico da taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) colabora para que as empresas recebam e façam mais investimentos em negócios. Isso porque, quando a taxa de juros está alta é mais rentável para pessoas físicas e jurídicas a alocação de capital em investimentos financeiros.
Ou seja, em ativos que são facilmente encontrados em bancos e corretoras. Em outras palavras, com taxas mais altas existe estímulo para poupar, pois a remuneração é maior sem correr riscos que um empreendedor está acostumado a correr.
O cenário atual é o oposto disso. Com taxas de juros em 2%, é mais rentável para as empresas investirem nos seus próprios negócios do que deixar o capital alocado em uma aplicação financeira. Muitos empresários estão, inclusive, pegando empréstimos para crescer.
Uma dívida controlada pode ser benéfica quando o capital é utilizado para inovação e crescimento. Quando o resultado da estratégia feita pelo gestor é positiva, as receitas tendem a ser maiores do que as taxas de juros dos empréstimos. Assim é possível retornar o capital que foi emprestado e ainda ter lucro na operação
Este momento deixa a economia real, esta que vivemos de bens e serviços, bem aquecida podendo inclusive favorecer o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Além disso, vale lembrar que uma das parcelas no cálculo do PIB é justamente os Investimentos.
Neste momento de pandemia que o mundo está vivendo, com muitas incertezas, o investidor estrangeiros não está com tanto apetite para financiar algumas empresas no Brasil. Soma-se a isso a crise política que enfrenta o nosso governo.
Desta forma, esta janela que é uma oportunidade para algumas empresas pode não ser tão aproveitada por conta destes fatores.
O que mudou?
Muitos ficaram surpresos quando o Nubank comprou a Easynvest. Mas, este foi o momento perfeito para a corretora fazer a saída pensando em valor futuro e tendo em vista o momento da economia em que estamos. A fintech já divulgou ao mercado que, por enquanto, nada muda.
As duas empresas continuarão operando de forma independente. Ou seja, os correntistas do nubank ainda não terão acesso aos investimentos mais famosos, como por exemplo, os CDB (Certificado de Depósito Bancário) que possuem a mesma garantia que o RDB na conta remunerada da fintech. Em contrapartida a Easynvest mantém a antiga gestão, com a mesma identidade visual, oferecendo os seus produtos com as mesmas taxas e qualidade.
Fonte: Moneytimes