Além de Taiwan, a China governa o mundo capitalista através de suas armas econômicas.
Um documento oriundo da Embaixada da China aterrissou na caixa de entrada de cada deputado federal brasileiro “aconselhando” os congressistas a permanecer em silêncio, sem manifestações públicas, diante de um acontecimento marcado para esta quarta-feira (20): a solenidade de posse do novo presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen.
Sem reconhecimento nem mesmo da ONU, a ilha de Taiwan vem tentando participar das reuniões da OMS, o que vem irritando profundamente o Partido Comunista Chinês. O isolamento que a OMS vem promovendo à ilha de Taiwan pode estar prejudicando as medidas de combate à pandemia, segundo autoridades norte-americanas.
Apenas 15 estados nacionais, incluindo a Santa Sé, tiveram coragem de reconhecer a autonomia do governo de Taiwan. As ameaças chinesas são constantes e vão desde ameaças militares de intervenção direta, por meio de uma lei anti-secessão, de 2005, até o envio de cartas educadas, mas não menos ameaçadoras, a parlamentos de países livres.
Sabendo que a corrupção moral vem sendo a cruz mais pesada da nossa democracia, os chineses se acham no direito de ameaçar e calar nossos deputados, como fez o embaixador com o deputado Eduardo Bolsonaro. Afinal, quem manda de fato no Brasil? Vejamos.
A carta que foi endereçada aos deputados, “pede” que os congressistas sejam “conscientizados da sensibilidade da questão”, solicitando ainda que os deputados evitem mensagens de apoio ao novo presidente taiwanês. Após frisar o respeito que os deputados brasileiros vêm demonstrando ao “Princípio de Uma Só China”, a Embaixada chinesa pede, educadamente, que o Congresso faça um respeitoso silêncio sobre a questão.
“Seria muito agradecido se a Câmara dos Deputados, no contexto do seu compromisso com o Princípio de Uma Só China, pudesse tomar as medidas necessárias e preventivas com vistas a conscientizar os deputados da sensibilidade da questão de Taiwan, evitar gestos e atitudes que possam ser prejudiciais ao Princípio de Uma Só China, como participar da posse referida, mandar mensagens de felicitação às autoridades de Taiwan, ou manter contatos oficiais com estas”.
A verdade é que poucos países têm coragem de defender Taiwan depois que a China começou a ameaçar com sanções econômicas quem o fizesse. Nesta terça, o embaixador chinês na OMS criticou duramente o apoio demonstrado pelos Estados Unidos e outros a Taiwan durante a assembleia anual da entidade. Ele disse que o gesto está minando a reação global à pandemia de coronavírus.
Desde o início da pandemia, Taiwan tem pressionado a comunidade internacional para ser incluído como observador da reunião virtual de dois dias e recebeu grande apoio de EUA, Japão e outros. A oposição da China, porém, é suficiente para que o país não tenha sido convidado.
Diante disso, disse o embaixador chinês, Chen Xu:
“Ainda existem alguns países determinados a apelar pelas autoridades de Taiwan, violando seriamente resoluções relevantes da Organização das Nações Unidas (ONU) e da OMS e minando os esforços globais anti epidemia”.
E sentenciou:
“A China protesta solenemente e se opõe firmemente a este comportamento”.
A história do não reconhecimento de Taiwan pela China é de fato dramática. O país foi formado pelo governo nacionalista vencido pela revolução de Mao Tse Tung, que se refugiaram na ilha e formaram o governo que chamaram de República da China, isto é, a verdadeira China, a China livre. O país até chegou a ter cadeira na ONU, mas isso durou somente até 1971, quando a entidade considerou o governo comunista de Pequim como “a verdadeira China”. Assim nasceu o princípio de “uma só China”, defendido ainda hoje pelo Partido Comunista Chinês, que obriga o mundo a curvar-se diante da soberba comunista.
Taiwan é um dos países mais discriminados do mundo, sendo reconhecido na Europa apenas pela Santa Sé e, nas Américas, pelo pequeno, mas corajoso Paraguai. Sonhemos com um Brasil que tenha a coragem de dizer que a República da China é a verdadeira China e o governo de Pequim, uma seita que domina a parte continental chinesa.
A China hoje controla e dá as cartas mundo a fora, graças ao poder dado a ela pela visão “estratégica” do Ocidente, que seguindo as orientações de globalistas como Henry Kissinger, acreditou na boa vontade do país comunista para negociar com o Ocidente, seu inimigo. Sem compreender que a China continental não tem um governo legítimo, mas uma seita revolucionária, o Ocidente acabou por conceder todas as suas liberdades a um dragão insaciável.
O filósofo Olavo de Carvalho foi claro em sua fala no Congresso Online Estudos Nacionais, quando disse: “Acho que todos estão vendo qual o preço de negociar com chineses, não é? O preço é a morte”.
BSM – Cristian Derosa