Na abertura das sustentações orais desta quarta-feira (3), a defesa do general Augusto Heleno (ex-GSI) pediu a absolvição no processo da AP 2668 (Núcleo 1) e alegou nulidades por suposta manipulação e dificuldade de análise do conjunto probatório, além de violação ao sistema acusatório e ao direito ao silêncio. A sessão integra o segundo dia do julgamento na 1ª Turma do Supremo.
O advogado Matheus Milanez afirmou que a Polícia Federal entregou um volume massivo e desorganizado de arquivos à defesa — a “montanha de documentos” teria inviabilizado a checagem adequada — e citou problemas de catalogação, inclusive em itens como a agenda do próprio Heleno.
Na crítica à condução do processo, a defesa também apontou desequilíbrio no interrogatório: segundo Milanez, enquanto o Ministério Público fez 59 perguntas ao réu, o relator Alexandre de Moraes formulou 302, o que, na visão da defesa, desbordaria o papel do julgador imparcial.
Em outra frente, o defensor sustentou que Heleno se distanciou politicamente de Jair Bolsonaro no fim do governo e não participou de plano golpista; a ênfase foi repetir que não há prova de orientação a atos ilegais. A Agência Brasil registrou a linha de afastamento e negação de dolo apresentada pela defesa.
Para reforçar divergências de posição, a defesa exibiu, em plenário, página da agenda pessoal com a anotação “Presidente tem que tomar vacina”, argumento usado para afastar a narrativa de alinhamento automático a Bolsonaro.
O Ministério Público, por sua vez, mantém a tese de que os oito réus do “núcleo crucial” — entre eles Bolsonaro, Braga Netto e Heleno — colaboraram para a tentativa de ruptura da ordem democrática, com atuação estruturada entre 2021 e 2023. A Procuradoria pede condenação com base em provas reunidas na investigação.
Contexto e próximos passos — O julgamento da AP 2668 (Núcleo 1) teve transmissão ao vivo e prossegue com as sustentações das demais defesas nas datas reservadas pela 1ª Turma. Nesta manhã, a ordem de fala previa, após Heleno, a defesa de Jair Bolsonaro.