Em meio a uma crise por conta da disparada do valor do combustível e de remédios, o Panamá vive quase um mês de intensos protestos e estradas bloqueadas. O governo do país, cuja economia tinha o crescimento mais veloz da América Latina, tenta acordo com sindicatos e organizações sociais, que exigem redução de preços.
Quase todos os acessos à Cidade do Panamá foram bloqueados pelos manifestantes, e foram reportados novos cortes de na rodovia Pan-Americana, que liga o Panamá à Costa Rica e é chave para o comércio e transporte de mercadorias por todo o país.
Nesta quarta-feira (20), policiais e manifestantes se enfrentaram em Santiago de Veráguas, cidade na região central do país, após negociações entre o governo e sindicatos fracassarem na segunda-feira (18).
Esta semana, o presidente do Panamá, Laurentino Cortizo, anunciou congelamento temporário no preço de combustíveis e redução do custo de alguns remédios, mas os manifestantes afirmaram que as medidas não são suficientes e disseram que continuarão com as manifestações.
Organizações sociais chegaram a assinar um acordo com o governo para desbloquear as principais estradas do país, que estão parcialmente interrompidas por barricadas. Mas decidiram romper o combinado diante da nova proposta de Cortizo.
“Havíamos avisado ao Executivo que tínhamos que consultar as bases. Foi assinado sob pressão, mas as bases já decidiram e eu acato o que as bases decidem”, disse Luis Sánchez, um dos negociadores do pacto. “Enquanto isso, não temos nenhum tipo de acordo”, acrescentou Sánchez ao canal “TVN-2”, depois de aparecer diante das câmeras rasgando um pedaço de papel.
Os manifestantes exigem uma única mesa de diálogo com o governo para negociar não apenas os combustíveis, mas também a redução imediata do custo de alimentos e remédios, que tiveram uma forte escalada de preços nos últimos meses no país.
O arcebispo do Panamá, José Domingo Ulloa, mediador no conflito, também defendeu a “mesa única” para travar “um diálogo aberto com o melhor desejo de buscar as soluções em benefício de todos os panamenhos”.