No dia 9 de junho de 2025, o juiz federal Jon Tigar, da Corte Distrital do Norte da Califórnia, concedeu uma liminar que impede o governo de Donald Trump de condicionar repasses de verbas federais à interrupção de programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) ou ao reconhecimento de pessoas transgênero em suas atividades . A decisão permanecerá válida enquanto tramita o processo judicial, refletindo a avaliação de que tais restrições podem violar direitos constitucionais.
As ordens executivas, assinadas pelo presidente Trump em janeiro de 2025, determinavam que agências como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e o Departamento de Educação condicionassem a liberação de subsídios federais à suspensão de todas as ações que promovessem políticas de DEI ou reconhecessem a existência de pessoas trans . Para agentes públicos, o argumento era alinhar o orçamento federal às diretrizes presidenciais, mas críticos afirmam que apenas o Congresso detém competência para impor tais condições ao uso de recursos públicos.
A ação foi movida por uma coalizão de organizações de defesa dos direitos LGBTQ+, entre elas a San Francisco AIDS Foundation, além de centros de saúde comunitária e grupos históricos de preservação da memória LGBTQ+ . Essas entidades relataram ter sido informadas, em abril, de que deveriam “imediatamente encerrar todos os programas, pessoal, atividades ou contratos” relacionados a iniciativas de diversidade e identidade de gênero, sob pena de perder financiamentos essenciais.
Em sua fundamentação, o juiz Tigar ressaltou que “o Poder Executivo não pode instrumentalizar verbas aprovadas pelo Congresso para censurar discursos protegidos pela Constituição ou segregar comunidades vulneráveis” . Segundo o magistrado, medidas que exigem o silenciamento de ideias consideradas “perigosas” pelo governo configuram violação ao Primeiro Emenda e ao princípio da separação de poderes.
Representantes das organizações autoras da ação celebraram a decisão como “defesa crucial dos direitos civis e do acesso a serviços de saúde para populações marginalizadas” . Por sua vez, o Departamento de Justiça anunciou que recorrerá imediatamente da liminar junto ao Tribunal de Apelações do Nono Circuito, abrindo caminho para que a disputa prossiga até a Suprema Corte dos Estados Unidos.
O episódio insere-se em um esforço coordenado por procuradores-gerais de estados como Colorado, liderados pelo AG Phil Weiser, para contestar diversas políticas federais de Trump, que vão desde cortes em programas de infraestrutura até restrições em cuidados de saúde . A repercussão deve influenciar não apenas o futuro das políticas de diversidade em instituições beneficiárias de verbas públicas, mas também o equilíbrio institucional entre Executivo e Legislativo.
compartilhe sua opinião e siga-nos nas redes sociais para mais análises e reportagens exclusivas
▶️ Twitter • Facebook • Instagram
sobre o autor
Hamilton Silva, jornalista e economista, é editor-chefe do Portal DFMobilidade.