Argentina anuncia saída da Organização Mundial da Saúde
Buenos Aires, 5 de fevereiro de 2025 — O governo argentino, liderado pelo presidente Javier Milei, anunciou nesta quarta-feira sua decisão de retirar o país da Organização Mundial da Saúde (OMS), alegando “profundas diferenças” em relação à gestão sanitária, especialmente durante a pandemia de COVID-19. A medida segue o exemplo recente dos Estados Unidos, que também optaram por deixar a organização.
Manuel Adorni, porta-voz presidencial, comunicou que o presidente Milei instruiu o chanceler Gerardo Werthein a formalizar a saída da Argentina da OMS. Adorni destacou que a decisão se baseia nas divergências quanto às políticas sanitárias promovidas pela OMS durante a pandemia, que, segundo ele, juntamente com o governo anterior de Alberto Fernández, resultaram no “encarceramento mais longo da história da humanidade” e na “falta de independência diante da influência política de alguns estados”.
O porta-voz enfatizou que a Argentina não recebe financiamento da OMS para a gestão sanitária, garantindo que a saída não representará perda de recursos nem afetará a qualidade dos serviços de saúde no país. Pelo contrário, Adorni argumentou que a medida proporcionará ao país maior flexibilidade para implementar políticas adaptadas ao contexto nacional e reafirmará a soberania argentina em questões de saúde.
A decisão argentina reflete uma postura crítica em relação aos organismos internacionais. Em setembro de 2024, durante a 79ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Milei acusou a ONU de ser um “leviatã de múltiplos tentáculos” que impõe uma agenda socialista aos seus membros. Além disso, o governo argentino está avaliando a possibilidade de se retirar do Acordo de Paris, alinhando-se a uma política de negação das mudanças climáticas causadas pela ação humana.
A saída da OMS não será imediata; de acordo com as normas da organização, é necessário um período de um ano após a notificação formal para que a retirada se concretize. Durante esse tempo, a Argentina continuará a cumprir suas obrigações como membro.
A comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos dessa decisão e suas possíveis implicações para a saúde pública global e para as relações diplomáticas da Argentina.