Em parceria com a iniciativa privada, projeto pretende homenagear figuras importantes na história de Brasília, como Oscar Niemeyer e Burle Marx
Ele está localizado no subúrbio de Miami, na Flórida, EUA. Um cantinho particular e artístico da cidade, cheio de galerias descoladas e painéis coloridos, enfim, um verdadeiro oásis para os amantes da arte de rua. Assim é Wynwood, bairro norte-americano que servirá de modelo para a criação de corredor cultural na Avenida W3 Sul. O projeto, abraçado com carinho pelo governador Ibaneis Rocha e encampado pelas secretarias de Turismo, Governo e Cultura, tem parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do DF.
“É uma alegria muito grande fazer parte desse projeto. A W3 faz parte da nossa cidade de maneira vital”, comemora a secretária de Turismo, Vanessa Mendonça. “Não é uma ação de governo isolada. Tem participação da iniciativa privada, da comunidade e da população. É um organismo vivo, que tem que trabalhar junto. O governo só não faz. É o projeto de um espaço colaborativo em que vários segmentos terão oportunidade de cuidar da W3 Sul”, resume.
“É uma alegria muito grande fazer parte desse projeto. A W3 faz parte da nossa cidade de maneira vital”Vanessa Mendonça, secretária de Turismo
Lideradas pela Secretaria de Governo, pelo menos 12 visitas técnicas foram realizadas até o momento, com a participação de integrantes do GDF e empresariado local. Basicamente, a ideia é recuperar o movimento da primeira “rua do comércio” do Plano Piloto.
Para tanto, uma das propostas em curso é a de redefinição de espaços públicos da cidade dentro do conceito de economia criativa. Ou seja, o fomento de negócios em locais simbólicos do DF, como salas de reuniões e exposições, lojas colaborativas, estúdios de fotografia e praça de alimentação, ancorados pela valorização da arte e da cultura. O modelo é uma tendência mundial, como mostram os murais multicoloridos da Wynwood Walls.
“O projeto tem a ambição de, a médio e longo prazo, resgatar a vitalidade cultural e econômica da W3”, reforça a secretária executiva de Políticas Públicas da Secretaria de Governo, Meire Mota. Em parceria com a iniciativa privada, um passo já foi dado na criação desse movimento que promete redesenhar a W3 Sul. São pinturas de painéis em torno da fachada e lateral dos prédios da 507 Sul, assim como do asfalto na região, homenageando ícones pioneiros da cidade.
“Acreditamos que a W3 Sul é uma das áreas de maior potencial da capital federal e é um ícone do comércio desde a fundação de Brasília. Por isso a CDL vem lutando pela revitalização do local desde 2015”Wagner Silveira Jr, presidente da CDL
Além dos artistas plásticos Athos Bulcão e Marianne Peretti, serão lembrados o arquiteto Oscar Niemeyer, o paisagista Burle Marx e o engenheiro estrutural Joaquim Cardozo, o homem responsável pelos cálculos que fizeram os traços alados de Niemeyer ganharem asas na passagem de Brasília. Os primeiros artistas já foram selecionados.
“Fomos bem-recebidos pelos empresários locais; apresentei a ideia do projeto, e a primeira seleção de grafiteiros já foi feita. Estamos para definir a data para as intervenções artísticas iniciais no local”, antecipa Vanessa Mendonça. “Acreditamos que a W3 Sul é uma das áreas de maior potencial da capital federal e é um ícone do comércio desde a fundação de Brasília. Por isso a CDL vem lutando pela revitalização do local desde 2015”, conta Wagner Silveira Jr., presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), primeiro patrocinador da iniciativa.
Corredor turístico-cultural
O local escolhido para o pontapé inicial de uma série de projetos que visam repaginar a vida cultural e econômica do local, com a criação de um corredor turístico-cultural, não foi aleatório. Localizado ao lado do Espaço Cultura Renato Russo – um dos principais centros de entretenimento do Plano Piloto -, na esquina da Escola Parque da 508 Sul, pertinho da quadra modelo 308 Sul e de frente para a Praça 21 de Abril, na 707/708 Sul, é chamado por especialistas de quadrilátero histórico da W3 Sul. Foi ali, num dos prédios da 507 Sul, que funcionava o mítico Cine Teatro Cultura, o primeiro cinema do Plano Piloto.
Um novo visual com a reforma das quadras 507 e 508 Sul
O secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Bartolomeu Rodrigues, reforça a ideia de que o resgate do prédio da 507 Sul, com as primeiras artes urbanas a serem realizadas futuramente, é o ponto de partida para a criação de um projeto maior que engloba a criação de um circuito turístico-cultural com parcerias público-privado. Roteiro do qual farão parte, claro, alguns espaços culturais da região, como o Cine Brasília e o Espaço Cultural Renato Russo.
*Com informações da Agência Brasília