Brasília revê, mais uma vez, o roteiro vergonhoso de sua história política com a decisão da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que nesta terça-feira (9/4) confirmou a condenação do ex-governador José Roberto Arruda e da ex-deputada federal Jaqueline Roriz por improbidade administrativa. O caso é parte da famigerada Operação Caixa de Pandora, símbolo máximo da corrupção no Distrito Federal nos anos 2000.
A condenação havia sido determinada pelo Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), e agora, mesmo após recursos, foi mantida por unanimidade. O relator, ministro Gurgel de Faria, descartou qualquer possibilidade de revisão, afirmando que seria necessário reexaminar provas, o que é proibido em recurso especial. Em bom português: não há como negar o óbvio.
O escândalo veio à tona em 2006, quando Jaqueline, então candidata a deputada distrital, foi filmada recebendo dinheiro em espécie — propina pura e simples — em troca de apoio à candidatura de Arruda ao Governo do DF. O vídeo, amplamente divulgado à época, virou símbolo da impunidade política brasileira. E mesmo diante das imagens e das provas irrefutáveis, o processo se arrastou por quase duas décadas.
Enquanto a sociedade exigia justiça, os protagonistas dessa história continuavam suas vidas públicas como se nada tivesse acontecido. Arruda, por diversas vezes, ensaiou retornos triunfais à política, e Jaqueline tentou manter a influência herdada do clã Roriz. Agora, ambos colhem os frutos amargos da própria arrogância e desrespeito à moralidade pública.
Mais do que uma decisão judicial, o julgamento desta terça-feira representa um raro momento de reparação. Tardia, mas necessária. A população do DF, que por anos foi feita de trouxa por velhos caciques da política local, pode finalmente enxergar uma fresta de justiça.