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Transporte público coletivo do DF emprega mais de 1.900 mulheres

Eliane Carneiro diz que quando começou na TCB, haviam apenas três mulheres motoristas nos coletivos do DF. “Na época havia muito preconceito, mas hoje já tá bem mais tranquilo.”
Eliane Carneiro diz que quando começou na TCB, haviam apenas três mulheres motoristas nos coletivos do DF. “Na época havia muito preconceito, mas hoje já tá bem mais tranquilo.”

Quantidade de colaboradoras das concessionárias cresceu 17% nos últimos dois anos

 

Motoristas, manobristas e cobradoras, ou profissionais das áreas de manutenção e administrativo. Em todos as funções que fazem parte da operação do Sistema de Transporte Público Coletivo do Distrito Federal (STPC/DF), as mulheres ocupam cada vez mais espaço. Entre 2021 e o início de 2023, as operadoras ampliaram em 17% a quantidade de colaboradoras do transporte rodoviário de passageiros.

 

O aumento nas contratações ocorreu em todas as áreas operacionais do sistema. Nos últimos dois anos foram contratadas 279 mulheres para trabalhar no transporte coletivo, chegando ao total de 1.935 colaboradoras atuando nas cinco concessionárias.

 

Eliane Carneiro de Oliveira, 62, é uma das motoristas do transporte coletivo do DF. Antes de iniciar como condutora na TCB, há 34 anos, essa pernambucana trabalhou cerca de 10 anos como caminhoneira em São Paulo. “Vim fazer uma entrega aqui em Brasília e me convidaram para fazer os testes na TCB, eu fiz e estou aqui até hoje”, conta a única mulher motorista da transportadora estatal.

 

Com uma vida inteira dedicada ao transporte, Eliane tem histórias para contar, mas nem sempre fatos alegres. “Fui assaltada e até tomei tiro”, revela. Ela conta que o assaltante ameaçou atirar se ela continuasse a viagem. Quando foi mexer na alavanca do câmbio do ônibus, levou um tiro que acertou a mão e as duas pernas, deixando cicatriz profunda na coxa direita.

 

Eliane conta que a primeira vez que dirigiu um carro, já fazia 5 anos que dirigia caminhão. De família de caminhoneiros, sempre quis seguir a profissão e começou pelos veículos grandes. Para ela, uma das vantagens do ônibus urbano, é que na estrada o caminhoneiro é obrigado a ser mecânico, trocar pneu, se virar. Hoje ela lembra que quando começou na TCB, haviam apenas três mulheres motoristas nos coletivos do DF. “Na época havia muito preconceito, mas hoje já tá bem mais tranquilo. A mulher nunca deixa de enfrentar essas situações difíceis, em qualquer profissão, afirmou”.

 

Márcia Maria dos Santos Lima veio para o DF sozinha, há 18 anos, e hoje é cobradora de uma das concessionárias da capital.

Quem também se vira muito bem no ramo do transporte é Márcia Maria dos Santos Lima, 50, que começou atuando na faxina até ter a oportunidade de trabalhar como cobradora. “Eu amo o que eu faço. Faço com carinho, com prazer. Amo meus passageiros”, destaca a mulher que, assim como tantas outras, veio para o DF sozinha, há 18 anos, e desempenhou várias atividades. Assim pôde trazer suas duas filhas e ver seus netos nascerem e crescerem candangos. “Desejo a todas as mulheres, em especial minhas passageiras, não só no dia 8, mas todos os dias muitas felicidades”.

 

Onde elas trabalham

 

A Piracicabana faz as linhas da área 1 do sistema, em Brasília, Sobradinho, Planaltina, Cruzeiro, Sobradinho 2, Lago Norte, Sudoeste, Octogonal, Varjão e Fercal. A quantidade de mulheres na empresa aumentou 12,8% nos últimos dois anos. Em 2021, eram 507 colaboradoras, sendo 26 motoristas e 383 cobradoras. Atualmente, a operadora atua com 572 mulheres, sendo 23 motoristas e 430 cobradoras.

 

Operadora da área 2, a Viação Pioneira atende os passageiros de Itapoã, Paranoá, Jardim Botânico, Lago Sul, Candangolândia, Park Way, Santa Maria, São Sebastião e Gama. De 2021 para 2023, a empresa aumentou em 27% a quantidade de mulheres, passando de 268 em 2021 para 340 colaboradoras em 2023.

 

Na área 3, operada pela Urbi, a quantidade de motoristas aumentou de 5, em 2021, para 15 no início de 2023. A empresa emprega ainda 5 manobristas e 293 cobradoras, além de Despachantes (4), coordenadoras (4) e uma controladora de tráfego. O total de mulheres subiu 5% nesse período, de 343 para 361 colaboradoras. A área 3 atende o Núcleo Bandeirante, Samambaia, Recanto das Emas e Riacho Fundo 1 e 2.

 

A Viação Marechal atua na área 4 do STPC/DF, nas cidades de Taguatinga, Park Way, Ceilândia Guará e Águas Claras. A empresa contratou 114 mulheres nos últimos dois anos e conta atualmente com 391 mulheres na empresa, 41% a mais do que as 277 mulheres que atuavam na operadora em 2021.

 

As linhas na região do SIA, SCIA, Vicente Pires, Ceilândia, Taguatinga e Brazlândia são atendidas pela São José. A empresa conta com 271 mulheres, dez a mais do que no final de 2021. Em um ano, o quadro feminino aumentou 4%.

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