Por questões de segurança jurídica e com mais de 25 anos de atuação como articulista, recorro a expressões como “ao que tudo indica” e “há indícios robustos” sempre que a investigação não estiver concluída em definitivo.
É estarrecedor que, entre 2019 e 2024, entidades de fachada tenham “SUPOSTAMENTE” subtraído R$ 6,3 bilhões dos benefícios de aposentados e pensionistas do INSS sem autorização – o equivalente ao orçamento anual de várias pastas federais . Dona Maria, 74 anos, viu seu benefício ser reduzido a toque de caixa, enquanto o Estado, com todo seu aparato, nada fez.
A Operação “Sem Desconto”, deflagrada em 23 de abril de 2025 pela CGU e pela Polícia Federal, levou ao afastamento e à exoneração do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, após mandados de busca e apreensão em seu gabinete e residência . Bens de luxo foram bloqueados, e seis servidores do alto escalão foram afastados, mas a raiz do problema permanece intocada.
Estados como Maranhão e Piauí despontam como epicentros dessa farra: investigações da PF apontam aumento de 2 011 % nos descontos associativos entre 2019 e 2023, e apenas no Maranhão uma federação de pescadores movimentou R$ 5,4 milhões em um único ano . Ao todo, entidades investigadas arrecadaram R$ 99 milhões desse modo – dinheiro sujo que deveria garantir a mínima dignidade a quem trabalhou a vida inteira.
Mesmo após alertas do TCU em 2023 e de relatórios sucessivos da CGU neste ano, o governo Lula manteve-se inerte, caracterizando grave prevaricação . Deputados do PT e do PDT chegaram a barrar em Brasília a CPI de iniciativa parlamentar para investigar o esquema, sugerindo blindagem política ao Ministério da Previdência Social.
E o que dizer da esquerda brasiliense? Enquanto silenciavam sobre o “roubo dos aposentados”, esses mesmos parlamentares vestiam a farda de paladinos de Lula. Em especial, o deputado Prof. Reginaldo Veras Coelho (PV-DF) , lambe-botas oficial do Planalto, mostrou-se mais interessado em cacifar seu nome para uma futura indicação da federação PT-PCdoB-PV ao GDF do que em defender quem sustentou o país com seu trabalho.
Para disfarçar e desviar a atenção atacou a imprensa local. Tudo isso para demonstrar fidelidade canina ao Poder Central.
Foi um dos apenas dois membros da bancada do DF a votar a favor da “saidinha” de presos – priorizando a imagem de suposto defensor dos detentos em vez de lutar pelos direitos dos idosos enganados.
Não podemos esquecer também que foi esse deputado federal que votou a favor do projeto que reduziria drasticamente o Fundo Constitucional do DF. Que vergonha!
É irônico: um Estado poderoso o bastante para operar orçamentos bilionários mostra-se impotente para proteger seus cidadãos mais vulneráveis. A máquina pública, quando sequestrada por interesses partidários e pela ganância, converte-se em instrumento de opressão contra os próprios aposentados.
Diante dessa catástrofe de corrupção, omissão e oportunismo, conclamo o eleitor prestar muita atenção nesse tipinho de político.
– Hamilton Silva
editor-chefe, DFMobilidade
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