fbpx
Pesquisar
Close this search box.

Ponto de Vista: o cerrado em cinza, mas pelo menos temos a narrativa

Ilustração criada por IA
Ilustração criada por IA

Não se viu nem ouviu falar, nesses dias de “inferno” nem uma palavra de refrigerio nem que o governo de Lula enviou recursos ao governo local para combater o incêndio.  Tipo: GDF que se lasque para resolver.

O voo de Lula e Janja no domingo(14) sobre o Parque Nacional pareceu mais um rolê aleatório de uma tarde de  domingo. Nada mais.

É preciso dizer, antes de tudo, que o incêndio que devasta o Parque Nacional de Brasília desde domingo é mais que uma tragédia ambiental: é um espelho que reflete a displicência e a negligência de um governo federal, perdido nas suas contradições e afastado das suas responsabilidades.

O fogo avança sem dó, consumindo não apenas a vegetação do Cerrado, mas também a nossa fé no zelo do poder público. Sob os auspícios de um governo que se orgulha de suas credenciais ecológicas, é lamentável ver a ministra Marina Silva e o presidente Lula distantes, como se os incêndios fossem um problema de outro mundo.

A nossa realidade é um teatro de absurdos, onde a burocracia federal permanece indiferente enquanto a capital da República se afoga em fumaça e fuligem. Os bombeiros do Distrito Federal, com suas férias suspensas, são convocados em um último suspiro de heroísmo do governo local.

Mas, onde está o reforço federal? Onde está o apoio logístico massivo que um governo comprometido com o meio ambiente deveria oferecer? Ah, Marina Silva, com seu discurso tão engomado de verdades e sua prática tão seca quanto as folhas que hoje se transformam em cinzas!

O Parque Nacional, nosso pulmão verde, já perdeu 2000 hectares – uma metáfora tão esdrúxula quanto o próprio silêncio das autoridades federais. O governador Ibaneis Rocha, empenhado, convoca seus homens, retira os que estavam cedidos à Força Nacional.

E o governo federal? À parte da vida cotidiana, parece alheio à fumaça que cobre o Distrito Federal. Uma ministra do Meio Ambiente deveria ser vista, ao lado dos combatentes, exigindo medidas drásticas. Mas, ao que tudo indica, a resposta federal tem sido tão morna quanto o ar rarefeito que respiramos.

E enquanto isso, as escolas suspendem aulas e a Polícia Federal vai investigar a origem das chamas. Mais uma investigação, mais um inquérito que, possivelmente, resultará em nada além de papeis empilhados. Ah, como o Brasil gosta de uma boa comissão para “apurar os fatos” daqui a pouco irão criar mais uma.

No entanto, a responsabilidade escorre por entre os dedos do governo federal, que, ao contrário de agir, parece mais inclinado a organizar cúpulas sobre a Amazônia enquanto o Cerrado arde.

O que é trágico, além do óbvio desastre ambiental, é essa farsa política que se desenrola diante dos nossos olhos.

O incêndio não é só uma combustão de vegetação. É o símbolo de um governo que, ao se vangloriar de suas políticas verdes, esquece que a prática deve ser tão forte quanto o discurso. E o fogo, como a verdade, consome o que encontra pela frente – e, se continuar assim, consumirá também a paciência do povo brasileiro e o monopólio da narrativa!

 

Por: Hamilton Silva é editor-chefe do Portal DFMobilidade e atua como jornalista há 13 anos. É economista desde 1998, formado pela Universidade Católica de Brasília e pós-graduado em gestão pública

Comentários