A tentativa de aproximação de Lula com o segmento evangélico, especialmente ao buscar nomes conhecidos no meio religioso para ocupar cargos de alto escalão, é mais uma estratégia de conveniência do que um real alinhamento de princípios.
Ao tentar cooptar lideranças evangélicas com promessas de ministérios, o presidente mostra um pragmatismo oportunista que visa garantir apoio político de um segmento crucial para o resultado das urnas, ou seja somente interesse eleitoral, em vez de, de fato, promover um diálogo sincero e aberto sobre questões éticas e sociais que separam o governo dos verdadeiros evangélicos.
Aliás esse diálogo é incompatível com os princípios de ambos. Diria que é um total desrespeito e uma afronta à nossa fé.
Nomes como o pastor Ronaldo Fonseca, Eliziane Gama e Benedita da Silva surgem como opções no tabuleiro de uma estratégia que busca conquistar a confiança de eleitores evangélicos para pavimentar uma possível candidatura de Lula em 2026.
No entanto, esse movimento cínico não escapa de críticas pela falta de autenticidade: ao oferecer cargos e posições em troca de apoio, o governo sugere que uma aliança pode ser construída por meio de benefícios e favores, desconsiderando os princípios que deveriam nortear uma verdadeira parceria.
Além disso, essa abordagem revela o que muitos chamam de “fisiologismo evangélico” — um apoio político que se baseia em concessões e privilégios e que raramente leva a transformações profundas ou reais mudanças de postura.
Líderes evangélicos fisiologistas, tem muito por aí, que aceitam cargos em troca de apoio político, correm o risco de deslegitimar a voz de milhões de fiéis que não compartilham desse pragmatismo e esperam coerência e representatividade, em vez de meros acertos de bastidores.
No fim das contas, o eleitorado evangélico, que já demonstrou grande resistência à agenda petista, é capaz de perceber quando suas lideranças religiosas priorizam interesses pessoais e políticos.
A improvável indicação de Ronaldo Fonseca é mais surpreendente ainda, pois o mesmo foi ministro de Michel Temer, o algoz de Dilma Rousseff.