A deputada federal Ericka Kokay (PT-DF) anunciou, na tarde desta segunda-feira (24), que foi escolhida por unanimidade pela Executiva do partido para ser a pré-candidata ao Senado Federal nas eleições de 2026. O anúncio, feito através das redes sociais, levanta questionamentos sobre a forma como a decisão foi tomada: em uma reunião fechada, sem consulta popular e distante do eleitorado.
Uma escolha de cúpula, sem participação popular
A escolha de Kokay como pré-candidata ao Senado ocorreu sem debates públicos ou um processo interno mais amplo envolvendo filiados e lideranças comunitárias. A decisão unânime da Executiva do PT-DF sinaliza um alinhamento interno, mas também expõe uma estratégia política em que a cúpula partidária define os rumos do partido sem o envolvimento direto da população.
Essa forma de indicação contradiz o discurso petista de democracia e participação popular, já que o partido, historicamente, defende processos mais abertos, como prévias e consultas à base. No entanto, dessa vez, a decisão veio de cima para baixo, reforçando a centralização da escolha.
Kokay mira o Senado e ignora o governo local?
Com um histórico de política profissional, a deputada federal parece querer ss aposentar no mesmo lugar onde começou a trajetória, no legislativo. Todavia para isso acontecer terá que passar pela prova das urnas e muita articulação dentro do seu campo político.
Curiosamente, Ericka Kokay foi apontada por muitos como um dos nomes do PT para disputar o Governo do Distrito Federal em 2026. Entretanto, com sua indicação ao Senado, o partido parece deixar um vácuo na disputa pelo GDF, possivelmente esperando alianças com outros partidos de esquerda. Isso gera insatisfação entre setores que esperavam um nome petista forte para enfrentar Ibaneis Rocha ou qualquer outro nome do campo da direita.
Ao se colocar como pré-candidata ao Senado, Kokay deverá focar no embate direto com o governador, mas ainda assim, sua candidatura precisará enfrentar desafios dentro da própria esquerda. O nome de Reginaldo Veras (PV) e até mesmo a possibilidade de outro nome podem embaralhar o jogo político local.
Discurso de coragem, mas e o eleitorado?
No post em que anunciou sua pré-candidatura, Ericka Kokay afirmou que assume a missão com um “compromisso inegociável com a defesa da democracia e a construção de um Distrito Federal mais justo para todas e todos”. Mas a ausência de diálogo com a base e a falta de um processo mais aberto colocam em xeque essa narrativa.
O eleitorado do DF, que tem um perfil dividido entre direita e esquerda, pode não enxergar com bons olhos uma candidatura imposta sem debates ou discussões mais amplas. Além disso, Kokay precisará enfrentar o desgaste do PT no Distrito Federal, onde o partido não governa desde a gestão de Agnelo Queiroz (2011-2014), marcada por escândalos e alta rejeição.
um movimento arriscado para o PT no DF
A escolha de Ericka Kokay para o Senado pode fortalecer sua presença no cenário político nacional, mas a forma como foi feita levanta dúvidas sobre a real participação popular dentro do PT-DF. Sem um nome definido para o GDF e com a estratégia de manter decisões fechadas na cúpula, o partido corre o risco de perder ainda mais espaço no DF, um território historicamente difícil para a esquerda.
Se o PT pretende se reconectar com o eleitorado brasiliense, talvez seja hora de apostar menos em decisões de gabinete e mais em ouvir a população. Caso contrário, a indicação de Kokay pode se tornar apenas mais um gesto político sem impacto real nas urnas.