Evandro de Araújo , assessor de imprensa da deputada federal Bia Kicis (PL-DF) e considerado um dos principais articuladores do bolsonarismo raiz em Brasília, foi alvo de cinco consultas no sistema de espionagem clandestina conhecido como Abin Paralela entre novembro de 2019 e fevereiro de 2020. A descoberta integra o relatório sigiloso da Polícia Federal, cujo segredo de justiça foi derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes em 18 de junho de 2025, durante análise no Supremo Tribunal Federal.
Segundo o documento da PF, todas as consultas a Evandro ocorreram por meio do software israelense FirstMile, ferramenta de rastreamento de localização adquirida em 2015 pelo governo Temer e utilizada sem mandado judicial ou registro de operação oficial associado. Esse modelo de atuação clandestina fez parte de um esquema organizado por servidores da Abin sob a gestão paralela de Alexandre Ramagem, apontado pela PF como peça-chave na instrumentalização política do órgão.
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Nascido em Brasília, Evandro ingressou na vida pública em 22 de fevereiro de 2019 como secretário parlamentar SP-08 no gabinete da deputada Bia Kicis, função que exerceu até 31 de janeiro de 2023 na remuneração correspondente aos níveis SP-08 e SP-20. Sua proximidade com a liderança do Partido Liberal—conhecida por pautas de voto impresso e combate às restrições sanitárias—revelou seu alinhamento inabalável à base de apoio de Jair Bolsonaro, conferindo-lhe a alcunha de bolsonarista raiz.
A Abin Paralela, investigada pela PF entre 2019 e 2021, monitorou ao menos 12 servidores públicos e agentes de diferentes esferas do poder no Distrito Federal, sempre sem registro oficial de operações e com vazamento seletivo de trechos do relatório para redes alinhadas ao Planalto. A devassa política visava, de acordo com o relatório, “obtenção de vantagens precipuamente do núcleo político” que orbitava diretamente o ex-presidente.
Até o momento, não há indiciamentos formais ou operação vinculada à espionagem de Evandro de Araújo Paula, nem sinalizações oficiais de responsabilização dos servidores envolvidos. Com a decisão de Alexandre de Moraes, porém, o STF e a PF iniciaram novas diligências para apurar eventuais crimes de abuso de autoridade e desvios de finalidade na utilização de recursos públicos de inteligência.
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Hamilton Silva é jornalista, economista e editor-chefe do portal DFMobilidade.
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