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Dia Nacional do Ciclista: o direito das bicicletas à cidade ainda é um enorme desafio

Foto: DFMobilidade/H.Souza
Foto: DFMobilidade/H.Souza

Hoje, 19 de agosto, é Dia Nacional do Ciclista, e não tenho dúvida que certamente há motivos para comemorações em alguns países do mundo. E no Brasil, o quarto maior produtor de bicicletas do mundo, com uma frota de quase 70 milhões de bicicletas, há o que comemorar? E em Brasília, houve avanços?

Datas como “Dia Nacional do Ciclista” e “Dia Internacional do Ciclista” (15 de abril) deveriam servir para conscientizar o poder público e a população sobre a importância do ciclista e da bicicleta. São datas que deveriam lembrar que a bicicleta poderia ser um meio de transporte eficiente, viável e sustentável. A bicicleta é um modal que pode facilmente ser adotado para que milhões de pessoas possam ir ao trabalho, à escola, ou melhor, aonde elas quiserem. E por que ainda não é?

Infelizmente, em Brasília e na grande maioria das cidades brasileiras a boa convivência que deveria acontecer entre ciclistas, motoristas e o poder público, responsável pela implementação de políticas públicas, avança muito devagar (e sempre). A nossa “capital de todos os brasileiros”, por exemplo, apesar de ter a segunda maior malha cicloviária do país, é uma cidade que ainda está bem distante de ser verdadeiramente “Amiga do Ciclista”, apesar de ter vocação para tal.

O Distrito Federal conta com mais de 1 milhão de bicicletas e cerca de 500 mil ciclistas ativos. Apesar de números tão expressivos, nossa malha cicloviária liga algum lugar a lugar nenhum, ou seja, não há conexões entre ciclovias e vias. O número de acidentes envolvendo ciclistas ainda é considerado alto, apesar da redução do número de vítimas fatais.

Só para se ter uma ideia, houve tempos de verdadeiras chacinas em Brasília. Entre 2000 e 2013, o trânsito da nossa cidade tirou a vida de 639 ciclistas. Só em 2009, 42 ciclistas foram mortos. Em 2022, 23 ciclistas morreram no trânsito do DF.

Brasília claramente foi uma cidade planejada para os carros. Mas é preciso acreditar em possibilidades de pensar a mobilidade e ocupar as vias no DF com mais diversidade. Se faz necessário mudar comportamentos e atitudes. Temos que ter coragem para romper com a forte influência do monopólio da indústria automobilística e investir em qualidade de vida. E para isso não precisamos implantar uma “ditadura radical” contra os carros. É bobagem! Só é preciso apoiar, respeitar, implantar e estruturar os diferentes modais para que a população tenha a opção de escolha.

E o que poderia ser feito? A baixa integração com as outras modalidades de transporte e a falta de segurança dos ciclistas no trânsito, por exemplo, ainda são problemas gravíssimos. Por que não um vagão do Metrô só para as bikes? Por que não uma lei que obrigue todos os prédios públicos e privados a implantar e ampliar os bicicletários? Por que não implantar suportes para as bikes nos ônibus do transporte público? Porque não instalar vestiários em prédios públicos para que os ciclistas possam chegar, tomar banho e trocar de roupa?

E mais: por que não investir em mais campanhas educativas? Por que não a obrigatoriedade de cursos para quem está tirando a primeira Carteira Nacional de Habilitação sobre respeito aos diferentes modais? Por que não implantar ciclofaixas nas regiões centrais de todas as cidades e a ampliação e sinalização correta das ciclovias? Enfim, são muitas questões que precisam de respostas.

A grande verdade é que PROCURAM-SE governantes que tenham coragem para implantar uma nova cultura. Implantando pequenas políticas é que vamos alcançar grandes resultados.

VOCÊ SABIA QUE A BICICLETA É UM VEÍCULO RECONHECIDO PELO CBT?
Segundo o Código Brasileiro de Trânsito (CBT), o ciclista deve respeitar sinais de trânsito e sinalização. O ciclista também deve circular na mão correta da via além, é claro, da obrigatoriedade de usar os equipamentos de segurança, como capacete, luvas, óculos, campainha, sinalização (dianteira, traseira, lateral e nos pedais) e retrovisor do lado esquerdo.

*Luciano Lima é historiador, jornalista, radialista e cicloativista

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